17 de jan. de 2013

Tudo normal

Cada um programou a entrada do ano a sua maneira. Alguns organizaram festas fabulosas, outros participaram de comemorações organizadas por especialistas, teve quem festejou a dois, descobrindo que mais não precisava, e uma patota grande se meteu na cama, cabeça escondida sob o lençol, para ignorar a alegria alheia.

Fazendo um retrocesso, percebo que passei por todas essas situações, no correr da vida. Como a maioria das pessoas, imagino.

Houve o tempo de festas animadas, grupo grande de amigos, todos jovens; o tempo de curtir com os filhos pequenos e, na pré-adolescência, deixá-los experimentar uma dose de Keep Cooler; o tempo de passarem a meia noite conosco e logo partirem para encontrar a turma. Houve a comemoração badaladíssima do ano 2000, espaço oferecido pelos amigos, organização tão divertida como a festa, que quase nos convenceu de que poderíamos entrar para o ramo de eventos.

Antes, houve o ano de acompanhar o filho adolescente a São Paulo, para sua primeira viagem internacional, curso de inglês nas férias, coração apertado dos pais, hotel no centro da cidade, fogos vistos através da janela.

Depois, as entradas de ano passadas em hospitais, longe de tudo e de todos, lágrimas guardadas para o travesseiro, sorrisos pela manhã, que fraqueza a gente esconde.

Aí se aproximou 2013 e, talvez por tantas vivências, desejei algo diferente: passar na calma da fazenda, com filhos, netos e quem mais apreciasse o programa. Aceita a ideia com entusiasmo, partimos para o interior de Pedro Osório, dois dias após a comemoração de Natal.

A idade dos netos varia entre 18 meses e quatro anos, idade da gaúcha, dona do campinho, cheia de conhecimentos sobre o meio rural. Aos menores, paulistas e citadinos, ela aproveitou para esbanjar erudição, entre brincadeiras e os desentendimentos naturais.

O lagarto amanheceu nadando na piscina e foi retirado pela cola, num gesto considerado de muita coragem; a cobra morta pelo funcionário alertou para o cuidado, nos passeios pelo campo; mãe e pai proporcionaram o prazer da cavalgada, o contato com o cavalo, o cheiro característico; o campo se desdobrou em estímulos. O olhar descansou no verde da soja e do arroz, a perder de vista.

Os convidados chegaram, ao entardecer do dia 31. Logo, o céu se tingiu de negro, a chuva, presente esperado, despencou, torrencial. Raios e trovões, barulho de chuva, o campo agradecido, companhia amiga, nozes, passas, camarão à milanesa, bandeja de frutas, espumante e lentilha. Conversa descontraída, “será que temos velas?”, a luz falha e volta, alguém ligou o gerador. E a chuva bem vinda, após tanta falta, São Pedro esqueceu as torneiras abertas. Fez de propósito, com certeza, pra limpar a barra, após tantas promessas não realizadas.

A água faltou no meio da noite, alguém esqueceu a torneira da pia aberta, o tapete do banheiro fez chapchap, antes de ir tomar vento. O dia surgiu ensolarado e assim começou o novo ano.

5 comentários:

Ruthe disse...

Nada mais reconfortante do que passar o primeiro do ano, com a família, num lugar rodeado pela natureza, repleto de recordações!
Beijos da Ruthe

Anônimo disse...

Que coisa mais bonita! Como em meio Á SINGELEZA SE PODE DIZER TANTA COISA FORTE COMO A INTENÇÃO DE LEVAR FELICIDADE AOS OUTROS. éS UMA PESSOA FELIZ. PARABÉNS! BEIJOS


Regina Weykamp da Cruz disse...

Achei muito oportuna tua crônica de hoje, "TUDO NORMAL". Como sempre és minha primeira leitura de sábado. É incrível como identificamos fatos de nossa vida em teu relato.Continua Marta nos brindando com essas "pérolas" semanais! BEIJOS

Marta disse...

É que essas coisas se passam com todos, Regina, e eu apenas me divirto, contando-as.

E você, Anônimo, tem toda a razão em me considerar uma pessoa feliz; quem não seria, em boa companhia, e ainda sabendo que ajuda a plantar recordações que permanecerão, ao longo do tempo?

Ricardo Miñana disse...

Hola Marta, un placer pasar por tu espacio,
que tengas un buen fin de semana.
saludos.