10 de jan. de 2007

Um pouco da Ásia - parte X - Cruzeiro pela Malásia e Tailândia


Obedecendo à idéia de conhecermos um pouco da Ásia e dos costumes asiáticos, vamos realizar um cruzeiro marítimo por algumas ilhas da Malásia e da Tailândia.

O cruzeiro inicia em Cingapura.

O Super Star Virgo é um enorme transatlântico, com 76.800 toneladas, 268 metros de comprimento, 32 metros de largura, 980 cabines e capacidade para 1.960 passageiros.
Deixamos as malas à entrada do navio, como é costume; elas serão levadas aos apartamentos pelos camareiros. Naquela confusão de malas, o viajante novato em viagens marítimas fica um pouco inseguro e aflito, mas o serviço costuma ser de surpreendente eficiência. Espero que tenhamos mais uma prova dessa eficiência.

Primeiro, efetuamos uma rápida operação de reconhecimento. O navio é luxuoso, com ambientes amplos, muito vermelho e dourado na decoração.

O destaque do salão de recepção é a escadaria central, dividida em quatro lances, que se bifurcam já no andar seguinte, em leve arredondado,reduzindo-se a dois, os centrais transformando-se em área de observação.A escada tem o corrimão de bronze e a forração, alta e macia, é mescla de vermelho e dourado. No centro, no ponto de bifurcação, sobressaem três imensas esculturas em bronze: belíssimos cavalos, com as patas dianteiras erguidas, em posição altaneira.Nos dois cantos externos da escada, erguem-se outras duas esculturas de guerreiros antigos, na mesma altura dos cavalos, também em bronze.

A visão causa o impacto pretendido pelo decorador, sem sombra de dúvidas. Mas o salão é tão grande, com tal profusão de enormes arranjos florais, cadeiras e bancos estofados em cores fortes, colunas de mármore, tudo isso completado por três elevadores panorâmicos que descem e sobem atrás dos cavalos, que serão necessários alguns dias para perceber os detalhes responsáveis pelo sucesso e suntuosidade da decoração.

Após circular um pouco, procuramos um restaurante. São oito, de diferentes nacionalidades, incluindo japonês, chinês e italiano. Três estão incluídos no pacote do cruzeiro: Bella Vista Restaurant, com seleção de pratos da cozinha internacional e típicos da Ásia; Pavilion Restaurant, com comida chinesa e Mediterranean, com bufê internacional.

Às quinze horas e trinta minutos, acontece o exercício de salvamento obrigatório, com colocação dos coletes salva-vidas e conhecimento da localização dos botes a serem procurados, em caso de algum acidente. O exercício, efetuado com profissionalismo pelos tripulantes, desperta brincadeiras e piadas por parte dos passageiros, decerto para afastar o mau-olhado.

Às dezesseis horas, Máximo e Lívia, os guias turísticos, reúnem todos os participantes da excursão no Bar Bellini, no oitavo andar, para transmitirem as explicações sobre o funcionamento do navio. As explicações são escassas, insuficientes, principalmente para algumas pessoas que realizam o seu primeiro cruzeiro e estão cheias de dúvidas e receios. Alguns repetem as perguntas, ansiosos, sem entender o mecanismo dos restaurantes e das excursões. Máximo responde com monossílabos, impaciente; no final,pergunta:

_ Entendeu, dona Iracema? – referindo-se à senhora idosa que mais se estendera nos questionamentos, como a inibi-la já de saída.

Ligeira, outra turista se ergue da poltrona, vai até a frente, coloca-se ao lado do guia, interrompe a sua última frase e fala,muito animada, como quem transmite importante comunicação:

_ É o seguinte, pessoal: Máximo não gosta de dar informações, fica brabo com tantas perguntas.Se vocês têm dúvidas, perguntem a mim, que tentarei responder. Por exemplo, a conversão da moeda de Cingapura para o real é simples: multipliquem por dois e extraiam dez por cento.

A turma cai na risada, pois esse dado importante realmente não foi comunicado, na chegada à Cingapura, como teria mandado o bom-senso. O guia retoma a sua explanação do ponto onde foi interrompido, impávido. E antipático, como se manterá durante toda a viagem. Muito assunto dará, no correr da mesma. Questões serão levantadas sobre a sua irritação e o enjôo de tratar com os turistas, sendo opinião unânime que está na hora de se aposentar.

Em certo momento, ele mesmo tentará se justificar, contando a correria de sua vida: mal voltou de uma excursão e já foi convocado para outra. Mas o que temos nós a ver com isso? Atividade extenuante, a profissão de guia exige paciência, educação, simpatia, além da obrigatória competência e outros quesitos. Os turistas, é lógico, não tem nada a ver com os problemas pessoais dos guias turísticos, estão aqui em férias.

Entregues à nossa própria sorte, logo começaremos a descobrir todas as atividades proporcionadas no cruzeiro. Inclusive pelo fato de recebermos na cabine, todas as noites, um comunicado por escrito do que acontecerá no dia seguinte.

Um pouco desapontados, compreendemos ser esse navio diferente dos anteriormente conhecidos, talvez por ser de bandeira asiática e as pessoas não serem acostumadas à vida noturna. Circulamos pelos bares e pela boate e a platéia é escassa, em todos os lugares. Pensamos: “Onde se meteu esse pessoal?”. A própria piscina, durante as manhãs ensolaradas, tem pouco movimento. Deve haver alguma explicação,mas por enquanto só fazemos especulações.

Na piscina, aliás, chama atenção a mulher muçulmana, que toma banho com o corpo completamente coberto, usando algo similar às roupas antigas de banho ou a um traje atual para academias de ginástica. Traje de inverno, naturalmente, pois até mesmo nas academias as brasileiras se expõem mais. Contudo, enquanto a muçulmana permanece dentro da piscina, quase extática, o marido não arreda pé, sem desgrudar dela os olhos atentos.

É interessante caminhar pelo navio, observar os diferentes tipos de comportamento e indumentárias, enquanto o navio avança rumo a Penang, ilha pertencente à Malásia.

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