Em Bangkok, conhecida como a Veneza do Oriente, a maioria da população vivia em casas sobre palafitas e o comércio era feito nas sampanas, casas comerciais flutuantes, e nos juncos ancorados junto ao porto. Muitos canais ainda apresentam tráfico comercial importante, embora grande parte da população tenha transferido suas moradias para as novas áreas, à margem do rio.
Os portugueses comandados por Fernão Mendez Pinto foram os primeiros a usar a denominação “Veneza do Oriente”, referindo-se não a Bangkok, mas a Ayuthaya, numa carta para a sociedade de Jesus, em Lisboa, em 1554. Duzentos anos depois, essa designação foi dada a Bangkok, também.
O mercado flutuante é ponto turístico muito elogiado; por essa razão, vamos conhecê-lo.
Entramos num barco a motor para seis pessoas, além do barqueiro. O barco se desloca pelo canal, cruzando com algumas e se desviando de inúmeras outras embarcações. Os ribeirinhos ainda vivem em casas sobre palafitas, algumas com aparência de extrema pobreza. À frente das casas de madeira,à beira da água, eles montam balcões e prateleiras. Pernas cruzadas, sentados no chão também de madeira, ali realizam o seu comércio. Oferecem os mais diversos produtos, em sua língua materna: interessantes chapéus com mecanismo para abrir e fechar, artesanato local, esculturas em madeira de elefantes e búfalos, almofadas bordadas, marionetes em trajes tradicionais tailandeses. Além desses artigos,os balcões estão abarrotados de cópias de todas as conceituadas grifes de bolsas, óculos, canetas e tudo o que se possa desejar. A oferta é insistente: com um gancho, o vendedor puxa o barco até a margem, esse já tendo sido estrategicamente aproximado pelo condutor, interessado na comissão que decerto receberá.
A barganha é obrigatória, a negociação é divertida,mas ainda um pouco cansativa. Estamos aprendendo a pechinchar. Os tailandeses respeitam uma boa negociação. Após o vendedor dizer o preço da mercadoria, deve-se perguntar, em inglês “É o seu melhor preço?” ou “É possível baixar o preço?” A pergunta geralmente resulta num imediato desconto sobre o primeiro preço. É o momento de uma contraproposta, bem inferior ao preço que se deseja pagar. A negociação costuma demorar, mas não se deve iniciar a barganha, se não houver real interesse em adquirir a mercadoria. O comprador deve se manter amigável e simpático até o final, pois o vendedor faz o último preço de acordo com a cara do freguês.
Enquanto isso, pelo meio do canal também circulam outras mulheres, conduzindo elas mesmas os seus pequenos barcos, a fim de vender frutas, pesadas nas balanças colocadas sobre o piso da embarcação.
Uma velha de pele encarquilhada frita os peixes, dentro do barco conduzido por ela, e segue ao longo do canal, vendendo para os próprios ribeirinhos.
Um homem mostra a cobra enroscada sobre o ombro, tentando atrair a atenção para a sua banca, pois todas têm enorme variedade de artigos semelhantes, inclusive no preço. Dá pena passar ao largo, precisando ignorar os seus apelos. Os turistas são muitos e adquirem um regalo cá, outro lá, mas a oferta supera em muito qualquer poder de compra.
Após sairmos do Mercado Flutuante, vamos à Fazenda dos Elefantes, no Samphran Elephant Ground& Zôo, onde acontece o interessante e engraçado show dos elefantes.
Primeiro, assistimos a um espetáculo de mágicas, no qual o mais hilário é a expressão impenetrável do atrapalhado ajudante. Decerto numa demonstração do humor nacional.
O show dos elefantes, com ricas vestimentas, tanto eles como os apresentadores, também é muito divertido. Ao final, é praticado um jogo de futebol entre os animais,cada um representando um país. O goleiro-elefante se vê mal,quando o Brasil, representado pelo elefante Ronaldo, faz um gol, despertando aplausos. Logo o representante da França invade a trave, sob os gritos de protesto da platéia, e leva cartão amarelo do agitado juiz. A platéia, inclusive nós, ri sem parar do humor ingênuo.
A continuação da diversão prevê uma apresentação com os crocodilos, na maior amizade com os treinadores. Depois, a sugestão seria um passeio sobre os elefantes por dentro da selva, mas abdicamos dessa experiência.
No hotel, passando os olhos por The Straits Times Ásia, descubro que a cordialidade tailandesa não se estende a todos os seus domínios. Os muçulmanos residentes ao sul, em virtude da pobreza em que vivem, têm se insurgido contra o estado tailandês. Inclusive, o primeiro ministro da Malásia, como possui um acordo de cooperação com a Tailândia, promete enviar representantes muçulmanos para ensinar o correto entendimento do islamismo. O governo tailandês acredita que os militantes do sul distorcem o islamismo, para incitar os muçulmanos à revolta. Os professores significam uma alternativa à medida de força militar.
No retorno ao Brasil, lerei na internet outras notícias sobre conflitos religiosos entre muçulmanos e budistas. Saberei de líderes budistas decapitados, com suspeita de revanche ao assassinato de oitenta e cinco militantes islamitas, totalizando quatrocentos mortes por causas bárbaras, ao sul da Tailândia, na fronteira com a Malásia.
É estranho imaginar que estivemos tão perto, ignorada a ebulição do caldeirão cultural, pela atitude amistosa e gentil das pessoas que conhecemos.
Os portugueses comandados por Fernão Mendez Pinto foram os primeiros a usar a denominação “Veneza do Oriente”, referindo-se não a Bangkok, mas a Ayuthaya, numa carta para a sociedade de Jesus, em Lisboa, em 1554. Duzentos anos depois, essa designação foi dada a Bangkok, também.
O mercado flutuante é ponto turístico muito elogiado; por essa razão, vamos conhecê-lo.
Entramos num barco a motor para seis pessoas, além do barqueiro. O barco se desloca pelo canal, cruzando com algumas e se desviando de inúmeras outras embarcações. Os ribeirinhos ainda vivem em casas sobre palafitas, algumas com aparência de extrema pobreza. À frente das casas de madeira,à beira da água, eles montam balcões e prateleiras. Pernas cruzadas, sentados no chão também de madeira, ali realizam o seu comércio. Oferecem os mais diversos produtos, em sua língua materna: interessantes chapéus com mecanismo para abrir e fechar, artesanato local, esculturas em madeira de elefantes e búfalos, almofadas bordadas, marionetes em trajes tradicionais tailandeses. Além desses artigos,os balcões estão abarrotados de cópias de todas as conceituadas grifes de bolsas, óculos, canetas e tudo o que se possa desejar. A oferta é insistente: com um gancho, o vendedor puxa o barco até a margem, esse já tendo sido estrategicamente aproximado pelo condutor, interessado na comissão que decerto receberá.
A barganha é obrigatória, a negociação é divertida,mas ainda um pouco cansativa. Estamos aprendendo a pechinchar. Os tailandeses respeitam uma boa negociação. Após o vendedor dizer o preço da mercadoria, deve-se perguntar, em inglês “É o seu melhor preço?” ou “É possível baixar o preço?” A pergunta geralmente resulta num imediato desconto sobre o primeiro preço. É o momento de uma contraproposta, bem inferior ao preço que se deseja pagar. A negociação costuma demorar, mas não se deve iniciar a barganha, se não houver real interesse em adquirir a mercadoria. O comprador deve se manter amigável e simpático até o final, pois o vendedor faz o último preço de acordo com a cara do freguês.
Enquanto isso, pelo meio do canal também circulam outras mulheres, conduzindo elas mesmas os seus pequenos barcos, a fim de vender frutas, pesadas nas balanças colocadas sobre o piso da embarcação.
Uma velha de pele encarquilhada frita os peixes, dentro do barco conduzido por ela, e segue ao longo do canal, vendendo para os próprios ribeirinhos.
Um homem mostra a cobra enroscada sobre o ombro, tentando atrair a atenção para a sua banca, pois todas têm enorme variedade de artigos semelhantes, inclusive no preço. Dá pena passar ao largo, precisando ignorar os seus apelos. Os turistas são muitos e adquirem um regalo cá, outro lá, mas a oferta supera em muito qualquer poder de compra.
Após sairmos do Mercado Flutuante, vamos à Fazenda dos Elefantes, no Samphran Elephant Ground& Zôo, onde acontece o interessante e engraçado show dos elefantes.
Primeiro, assistimos a um espetáculo de mágicas, no qual o mais hilário é a expressão impenetrável do atrapalhado ajudante. Decerto numa demonstração do humor nacional.
O show dos elefantes, com ricas vestimentas, tanto eles como os apresentadores, também é muito divertido. Ao final, é praticado um jogo de futebol entre os animais,cada um representando um país. O goleiro-elefante se vê mal,quando o Brasil, representado pelo elefante Ronaldo, faz um gol, despertando aplausos. Logo o representante da França invade a trave, sob os gritos de protesto da platéia, e leva cartão amarelo do agitado juiz. A platéia, inclusive nós, ri sem parar do humor ingênuo.
A continuação da diversão prevê uma apresentação com os crocodilos, na maior amizade com os treinadores. Depois, a sugestão seria um passeio sobre os elefantes por dentro da selva, mas abdicamos dessa experiência.
No hotel, passando os olhos por The Straits Times Ásia, descubro que a cordialidade tailandesa não se estende a todos os seus domínios. Os muçulmanos residentes ao sul, em virtude da pobreza em que vivem, têm se insurgido contra o estado tailandês. Inclusive, o primeiro ministro da Malásia, como possui um acordo de cooperação com a Tailândia, promete enviar representantes muçulmanos para ensinar o correto entendimento do islamismo. O governo tailandês acredita que os militantes do sul distorcem o islamismo, para incitar os muçulmanos à revolta. Os professores significam uma alternativa à medida de força militar.
No retorno ao Brasil, lerei na internet outras notícias sobre conflitos religiosos entre muçulmanos e budistas. Saberei de líderes budistas decapitados, com suspeita de revanche ao assassinato de oitenta e cinco militantes islamitas, totalizando quatrocentos mortes por causas bárbaras, ao sul da Tailândia, na fronteira com a Malásia.
É estranho imaginar que estivemos tão perto, ignorada a ebulição do caldeirão cultural, pela atitude amistosa e gentil das pessoas que conhecemos.
3 comentários:
Marta!
Seus relatos são primorosos. Sempre leio e, nesse, com um elefante "jogador de futebol" com nome Ronaldo... Até que tem muito a ver com o que se tornou o ex-Fenômeno: paquidérmico.
Não acredito, porém, que seus proprietários (do elefante) tenham noção do que fizeram ao "presentear" o bicho com esse batismo.
Tadinho dele! (do elefante, é claro...)
Abraços!
Que viagem fantástica esta que vocês estão fazendo, que loucura, quanta coisa nova para mim.
O mercado flutuante é muito interessante e a apresentação dos bichos, em especial dos elefantes a jogar footbal e com o nome no nosso Fenômeno..
Que loucura, eu pensava que tinha visto muita coisa, mas ao acompanhar as tuas andanças, vejo que não vi nada, aproveitem, que bom, um beijão da Suely
Esse mercado flutuante também é conhecido pela covardia que fazem com os animais...uma tristeza. A crueldade é tanta, que nem vale a pena sentir pena daquela pobreza.
Prá esse elefante "jogar futebol", apanha muito, é surrado e torturado todos os dias. ganhar a vida assim, não dá.
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