13 de jun. de 2007

Um pouco da Ásia - parte XXXI - Chegada a Hong Kong


Cedida à Inglaterra por 99 anos, através do Tratado de Nanquim, que _ em 1842 _ pôs fim à Guerra do Ópio, Hong Kong foi devolvida à China em 1997. Por isso, é interessante perceber, na conversação, a diferenciação entre Hong Kong e China, feita pelos próprios chineses.

A cidade é autônoma, independente, com suas próprias regras. Os chineses precisam de visto para ultrapassar as fronteiras, pois a região não comportaria excessivo aumento na população. Possui recursos naturais limitados e a maioria dos gêneros alimentícios e matérias primas são importadas.

O governo inglês nunca interferiu em seus negócios, apenas fornecia os serviços públicos essenciais. Analfabetismo, mortalidade infantil, baixa expectativa de vida e desemprego, comuns em outras colônias, eram desconhecidos na então colônia inglesa.

Brasileiros não precisam de visto para ir a Hong Kong, mas pacotes exclusivos não são costumeiros. Em geral, são incluídas outras cidades chinesas, como Pequim, Shangay e Xian, com duração de 13 ou quinze dias de viagem _ tempo suficiente para criar forças e coragem para enfrentar as vinte horas do vôo de volta.

As melhores épocas para viajar a Hong Kong são a primavera (de março a maio) e o outono (de setembro a novembro). O verão é quente demais e chove muito. O inverno é ameno, entre 8 e 15 graus, razão pela qual, de novembro a março, os preços dos hotéis sobem.

O território de Hong kong pode ser dividida em quatro áreas principais: a ilha de Hong Kong, a cidade de Kowloon, os Novos Territórios e as outras duzentas e trinta quatro ilhas. A Ilha de Hong Kong (chamada simplesmente “a Ilha”), cuja capital é Victória, é a parte central, financeira, com grandes bancos, enormes construções futuristas, suntuosos hotéis, luxuosas residências em Victoria Peak, sofisticados centros turísticos nas praias e algumas das mais antigas comunidades chinesas.

A pesca é uma das mais importantes atividades da ilha, junto com as indústrias têxtil e eletrônica, o turismo, a construção naval e o processamento de ferro e aço.

Saindo do aeroporto – o maior do mundo, com 550 mil metros quadrados, segundo reportagem da Revista Terra - o ônibus de turismo nos conduz à península Kowloon, complexo comercial e industrial de 46 quilômetros quadrados, onde se localiza o Regal Kowloon Hotel. A maioria dos pacotes turísticos se limita justamente à ponta de Kowloon, o distrito de Tsim Sha Tsui, com numerosos hotéis, bares e centros comerciais. Para onde vamos, portanto.

O moderno aeroporto internacional foi construído graças a um gigantesco aterro na Ilha de Lantau.

O percurso do aeroporto ao hotel pode ser feito pelo Star Ferry, pelo metrô ou por via rodoviária, em quarenta e cinco minutos, através do túnel subterrâneo: 21 metros abaixo d’água, 2 km de comprimento e 35 anos de uso. O túnel tem pedágio: 20 hkd ida e volta.

A baía de Hong Kong tem grande movimento de barcos, navios e containers. A localização estratégica da baía, aberta para leste e oeste, e do porto, único ancoradouro seguro entre Shangai e Indochina, concede-lhe grande importância comercial.

Para os brasileiros, não é interessante alugar automóvel. O trânsito utiliza a mão inglesa e não há lugar para estacionar. Além disso, o transporte público funciona bem. O trem rápido, de ida e volta do aeroporto, sai por 180 hkd (cerca de U$25). Também os táxis _ vermelhos na ilha principal, verdes nos Novos Territórios e azuis em Lantau _ cobram preços acessíveis. E ainda há os ônibus e os bondes de dois andares, que merecem pelo menos um passeio. O metrô tem quatro linhas e está aberto até as 22h30’.

A partir de 1990, grandes mudanças começaram a ser realizadas em Hong Kong, ocasionando interessantes contrastes. Em meio à arquitetura arrojada e futurista, convivem edifícios antigos, com seis andares, ainda sem elevador.

Enquanto o ônibus turístico se desloca até o hotel, a guia local transmite algumas informações.

O jogo não é permitido, de forma alguma: não há cassinos, loterias, corridas de cavalos ou qualquer outra artimanha para driblar as leis. Mas há barcos 24h para Macau, com saída de hora em hora, pois os chineses gostam muito de jogar. Macau tem cerca de 28 quilômetros quadrados e 13 cassinos 24 horas.

É comum os moradores de Hong kong se deslocarem até a fronteira com a China, a uma hora de viagem, a fim de fazer compras ou buscar serviços pessoais, inclusive massagens. Vale a pena, lá tudo é muito mais barato. O ticket custa 33HK$ e os trens saem a cada quatro minutos.

Na China, é grande o controle da nacionalidade. Pelo segundo filho, os pais precisam pagar uma multa de 50.000 yuanes, caso prefiram evitar o aborto, consentido. Funcionários públicos perdem o emprego, se tiverem o segundo filho. Em virtude disso, grupos internacionais estão adotando as crianças chinesas, com pouca burocracia. Em Honk Kong, contudo, é quase impossível a adoção por estrangeiros: é exigido que os casais interessados permaneçam dois anos na cidade. Ao contrário da China, Hong Kong não tem controle de natalidade, pois as autoridades estão preocupadas com o fato de muitos casais não quererem filhos.

O sistema de ensino público é levado muito a sério. Após o primário, os melhores classificados têm preferência para fazer o secundário. Os alunos são submetidos a muitos testes; aqueles que não mostram bom desempenho precisam mudar para as escolas pagas. Tanta pressão sobre os jovens causa estresse e muitos se suicidam, por receio de não corresponderem às expectativas.

Somente os considerados melhores têm acesso às oito universidades pagas.

Durante o percurso de ônibus, notamos que os nomes das ruas estão em inglês, e a guia informa que preferiram deixar assim, para não confundir.

Também conta que, antes, o passaporte de Hong Kong era considerado de segunda categoria. Atualmente, para toda a comunidade européia, como para Canadá, Austrália e outros países, não é necessário visto, em razão da maior credibilidade.

O Regal Kowloon Hotel é bem localizado, o lobby e as demais dependências são bonitos, a decoração obedece à linha despersonalizada da hotelaria internacional; os apartamentos são antigos, mas confortáveis. O hotel também foi construído sobre terreno aterrado; há quarenta anos, aqui era mar. Quarenta por cento de Hong kong foi aterrada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Marta!
Nunca viajei tanto sem sair de casa!Adorei os povos, cada lugar, cada passeio,cada hotel.
Vou sentir muita falta, quando terminar.
Desde já, muitos beijos e o meu muito obrigada,por todo este conhecimento que adquiri, através de tua maneira fácil de colocar no papel,maravilhas deste nosso mundo!

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