No final de setembro, junto com o marido e um casal de amigos, saímos a percorrer parte do sul da França e da Espanha.
É certo que grande parte do êxito de qualquer empreitada está no planejamento e essa viagem foi planejada com esmero por Luciana, a outra mulher desse quarteto animado, com carta branca para decidir por todos nós.
A aventura começa no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, quando pegamos o Audi A4, a diesel, com GPS, alugado pela internet. O grupo se vira com os escassos conhecimento do idioma francês, nas horas de aperto passa para o limitado inglês, resolve alguns problemas com mímica, mas é a observação o nosso forte. Prestando atenção no comportamento dos outros, reduzem-se as chances de cometer impropriedades.
As estradas são em duas, três, quatro vias, algumas com pedágio, outras não, sempre em sentido único, o que facilita muito nas ultrapassagens. Não vimos nenhum carro de polícia ou policial rodoviário uniformizado, também não presenciamos acidentes ou nos sentimos inseguros. No viaduto em construção, um boneco em tamanho natural, com roupa em tom amarelo forte, agita ao vento uma bandeira também amarela, aconselhando moderação na passagem. O limite de velocidade, em geral, é de 130 km/hora; quando o motorista se entusiasma e ultrapassa, aparece um anúncio, em que a velocidade atingida fica piscando. Maneira educada de dizer que está sendo observado. Da mesma forma, o GPS mostra a velocidade do veiculo em vermelho, quando é extrapolada.
No caminho, há vários recantos próprios para estacionar e descansar, paradoiros com supermercado, posto de abastecimento, restaurante ou balcões onde se come em pé. Nos postos de combustível, não há frentistas, o próprio motorista abastece o carro. Também não há cobradores nos pedágios. Em muitas auto-estradas, retira-se o ticket na primeira praça e na última se paga o valor correspondente ao trecho percorrido.
Enquanto o automóvel corre, as paisagens se sucedem. No interior da França, ora planícies, com longas extensões de vinhedos, ora montanhas cobertas de espessa vegetação. No topo, um castelo entre muralhas; logo abaixo, aglomerações de minúsculas casinhas, ligadas por estradinhas sinuosas. Entre as montanhas, vales profundos, às vezes as águas de um rio correndo em fio – paisagens de sonho. Em alguns lugares, vacas e terneiros da raça charolês, depois o feno embrulhado em plástico, costume que não possuímos.
No interior da Espanha, o solo é árido, pouca vegetação, terra vermelha, muitas plantações de oliveira.
Nos restaurantes, tanto nas rodovias como nas cidades, o menu a preço fixo costuma ser a opção mais barata no cardápio. O plat de jour consta de entrada, prato principal e sobremesa (todos com quatro sugestões à escolha).
Os hotéis devem ser reservados com antecedência, sob risco de não encontrar acomodações, pois o turismo é intenso. Em alguns lugares, como Alhambra, é interessante aderir a alguma excursão, pois o movimento é tanto que os ingressos deixam de ser vendidos e a entrada é vedada. Até passagens de barco para destinos preferidos, como o passeio de 6 horas entre Avignon e Châteauneuf–du-Pape, devem ser adquiridas com antecedência, pela internet. Caso contrário, os 20 km podem ser percorridos de automóvel, rapidamente.
Foram vinte e dois dias de descobertas, encantamento e quebra de paradigmas. Uma aventura que vale a pena.
Um comentário:
Marta!
Ao ler tua crônica, dá mesmo vontade de por o pé na estrada!
Dá para sentir, bem de perto, a beleza do passeio, as maravilhas que o mundo guarda.
A esperança é de que, um dia, possamos ver e sentir as obras primas deste nosso Universo!
Beijos
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