No sul da França, um dos lugares que mais apreciei conhecer foi Saint-Paul-de-Vence. Antigo posto da fronteira francesa, situada em uma colina no início dos Alpes e cercada por muralhas do século XVI, essa aldeia próxima a Nice ainda conserva em seu interior os canhões usados para defesa.
Dentro das muralhas, as antigas casas dos aldeões deram lugar a lojinhas charmosas, galerias e estúdios, conservando as características das construções medievais. As vitrines mostram roupas muito bonitas, a preços nada exorbitantes. Os franceses são consumidores exigentes, por isso a oferta de moda é tentadora.
Almoçamos no Café de la Place. Alguns homens jogam boule, na rua, à saída do restaurante. O jogo é semelhante a bocha.
No topo das muralhas, temos uma visão linda dos telhados vermelhos das casinhas agrupadas do lado de fora, com seus pequenos jardins, a paisagem completada pelos ciprestes descendo a colina.
À saída de Saint Paul de Vence, partimos para Grasse, orientados por Catarina, a portuguesa do GPS. Logo nos vemos num caminho estreito e sinuoso, de ruelas apertadíssimas entre casas medievais. Além de as ruas serem extremamente estreitas, não há calçadas, obrigando os raros pedestres a entrarem nos vãos das portas, à proximidade do automóvel.
A sensação de pânico aumenta ao ponto de eu optar por tapar o rosto, para não ver algum dos desfechos temidos: vir um carro na direção contrária ou, de repente, o Audi ficar espremido entre as paredes. Por pura sorte, não escolhemos um carro maior, o que teria sido catastrófico.
A sensação de pânico aumenta ao ponto de eu optar por tapar o rosto, para não ver algum dos desfechos temidos: vir um carro na direção contrária ou, de repente, o Audi ficar espremido entre as paredes. Por pura sorte, não escolhemos um carro maior, o que teria sido catastrófico.
À voz de “curva fechada”, nosso amigo Juka, o motorista do momento, manobra com extrema cautela, cuidando para não roçar as paredes demasiadamente próximas. Será vingança da Catarina? Ou a culpa foi nossa, por lhe termos pedido uma estrada sem pedágio, com a idéia de curtir um passeio pitoresco pelo interior?
São 18 km de emoção e puro terror. Quando acabam as ruelas apertadas, nos vemos numa estradinha também estreita, à beira de um precipício, com um riozinho correndo lá embaixo. Seguimos meticulosamente as indicações de Catarina, mudos e apavorados com a perspectiva de encontrar outro carro e ser impossível tanto os dois passarem juntos, como retornar.
Em certo ponto, erramos o desvio e andamos um pouco pelo caminho errado. Com voz calma, Catarina aponta o erro, mas como a única alternativa é voltar ao desvio para desfazer o erro, ela conclui, para aumentar o nosso pavor, misturado à vontade de rir: “Agora, faça o que for possível”.
Ora, pois! Há meia hora, só fazemos o possível.
Como não há espaço para manobrar, Juka volta em ré até o desvio, todos com os dedos cruzados, na torcida para que não venha outro carro, e ali pegamos o rumo certo, seguindo por outra estrada estreita. De repente, desembocamos numa via asfaltada e respiramos aliviados. Ficamos imaginando se, todo o tempo, o GPS sabia que não vinha outro automóvel em sentido oposto. De qualquer forma, não é boa idéia pedir ao GPS uma estrada sem pedágio para o percurso entre Saint-Paul-de-Vence e Grasse. Mas é excelente idéia ir até lá.
2 comentários:
Marta!
Ruthe fez o comentário acima!
Marta!
Que maravilha deve ser este lugar - em algum lugar do passado, túnel do tempo, de volta para o passado!
Apesar dos temores, acredito imperdível. Adorei, adorei mesmo!
Beijos da Ruthe
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