O homem estava no segundo casamento, quando ouviu do jovem que as coisas não estavam funcionando como antes, no seu. Experiente, aconselhou: “Trocar de mulher não adianta. Depois de um tempo, é tudo igual. O melhor é dar um tempo, para esfriar a cabeça”.
Imagino que “tudo igual” não signifique que as mulheres sejam todas iguais – porque não são – e, sim, que os relacionamentos apresentam semelhanças: começam num mar de rosas, depois aparecem os espinhos. Após muitos arranhões, inclusive na auto-estima, a vontade é pular fora o quanto antes.
Pessoas possuem teclas internas que, acionadas, podem apresentar resultados indesejados, conforme o humor dos parceiros. Tais quais ruídos a perturbarem a programação, ressentimentos e sentimentos diversos deturpam as melhores intenções. Certas situações, a princípio levadas na esportiva, com o tempo passam a irritar. Da mesma forma, hábitos antes encarados com benevolência mais tarde se transformam em motivo de atrito. Quando acaba a novidade ou surgem problemas financeiros, aquelas atitudes consideradas charmosas ou divertidas – demorar horas para se vestir ou não saber se vestir, passar as tardes de domingo em frente à TV ou nunca ficar em casa – representam o estopim para a briga.
Numa crônica recente, Arnaldo Jabor comenta sobre o grande número de casamentos que acabam em divórcio, hoje em dia, em conseqüência da dificuldade de viver com a mesma pessoa, na rotina do dia-a-dia. Contudo, em lugar de trocar a parceria, aconselha a “renovar o casamento, voltar a namorar, cortejar, se vender, seduzir e ser seduzido”.
A idéia de “se vender” vem a calhar, porque o vendedor costuma se preocupar com a melhor forma de apresentar o produto. Inclusive, varia a apresentação ou acrescenta novidades, no intuito de manter o público interessado. Pessoas também precisam se renovar, efetuar mudanças em si mesmas e no ambiente em que vivem. Mas, como lembra o cronista, em geral elas só tomam tais atitudes quando estão à cata de um parceiro ou começando outro relacionamento.
Aí, o homem se preocupa em fazer abdominais, a mulher corre para a academia, procura um curso de atualização, ambos começam a freqüentar restaurantes e barzinhos, estudam programas de viagens, descobrem que bem poderiam ter ido mais vezes a Buenos Ayres e quantas coisas poderiam ter feito juntos. Por isso, seria mais fácil e mais barato recomeçar com a mesma pessoa, em novos moldes.
Pessoas mudam, crescem, envelhecem, criam manias, apresentam outras necessidades e descobrem novos interesses, razões pelas quais exigem respostas diferentes, de acordo com cada momento da vida. Por isso, é preciso se reciclar, de vez em quando. Olhar para o outro com o interesse com que se olharia para uma pessoa desconhecida com quem se apresentasse a oportunidade de iniciar um relacionamento; principalmente, estar atento às mensagens subliminares que começam a ser enviadas bem antes que os avisos de alerta se ponham a piscar.
Recomeçar com a mesma pessoa exige muita generosidade, paciência, empenho em vencer a teimosia e os hábitos arraigados. Não é fácil, portanto. Mas será divertido e estimulante, se houver amor, o único ingrediente capaz de justificar todo o esforço. Se não, é partir para a luta, com a grande possibilidade de que tudo volte a se repetir. Afinal, segundo especialistas, após algum tempo tudo se repete.
Um comentário:
Querida Amiga!
Existem casos e casos, mas no final, tudo se repete, concordo.
Entre "morrer ou renovar", vamos optar pela segunda opção. Renovar sempre, nas mínimas coisas, sem stress, porque vai ser proveitoso.
Beijos
Postar um comentário