21 de jul. de 2009

Chega de falar mal de Pelotas

Há poucos dias, a Praça José Bonifácio amanheceu destruída pela ação de vândalos que, aproveitando a cumplicidade da noite, acharam divertido destruir o trabalho de outros.

Antes disso, a administração municipal adquiriu centenas de coletores de lixo que distribuiu pela cidade, na intenção de manter as ruas limpas. Com o mesmo espírito de não conseguir apreciar nada que possa mostrar beleza ou ordem, os vândalos também destruíram alguns coletores. Outras pessoas trataram de sujar bem o entorno dos recipientes, em vez de colocar o lixo no interior, como era previsto, revoltando _ com razão _ os moradores das casas em frente às quais os coletores foram colocados.
Interessante observar que, para cada um que constrói ou deseja construir, há outro que destrói ou impede o desenvolvimento.

Aliás, por falar em desenvolvimento, nem de um Shopping Center a cidade se fez merecedora, pelo visto, já que todas as iniciativas foram cortadas na raiz.

Enquanto isso, na falta de coisa melhor, aos domingos e feriados, pessoas se dirigem ao Free Shop de Rio Branco, lotando as lojas, pelo prazer da novidade. Se aqui houvesse um Shopping Center, com cinemas, praça de alimentação, com certeza os cidadãos das cidades próximas também se sentiriam atraídos. Como Pelotas possui outros pontos de interesse, inclusive um comércio bom e diversificado, espalhado pelos vários bairros, é provável que os turistas apreciassem a visita ao ponto de repeti-la seguidamente, como hoje acontece em relação ao Free Shop.

Semelhante desejo de novidade faz com que os bares, cafés e restaurantes, quando inaugurados, em Pelotas, fiquem logo lotados, as pessoas interessadas em conhecer e usufruir. Com a continuação, permanecem uns poucos estabelecimentos _aqueles que valem a pena _ os outros caem no esquecimento, pela má qualidade dos produtos oferecidos ou pelo mau atendimento. Desiludidos, os donos culpam a cidade: Pelotas é assim, desmotivada.

Fala-se desse jeito alheado, como se o assunto não fosse conosco, a gente não tivesse nada a ver com essa cidade, chamada Pelotas, escolhida para saco de pancadas. A má notícia: Pelotas somos nós, os que nascemos aqui e os que vieram depois; os que pretendem enfeitá-la e os que brincam de destruí-la; os que a amam e por isso permanecem; os que a detestam, mas não têm lugar melhor que os deseje. Dessa massa de gente é feita a cidade, mãe acostumada a ser repudiada.

No passado, contudo, Pelotas foi valorizada pelos seus cidadãos, que trataram de honrá-la e lhe deram lindos prédios, teatros, clubes sociais, hospitais e igrejas, em doações generosas que lhes garantiram o lugar na história.

Os tempos mudaram, outras benesses se fazem necessárias, embora a memória deva ser preservada, como herança recebida. Ainda hoje, muitos cidadãos elevam o nome de Pelotas, ora se destacando além de suas fronteiras, ora contribuindo para o seu progresso.

Por isso, chega de falar mal de Pelotas. Se quisermos malhar a alguém, que seja a nós mesmos, quando incapazes de fazer coisa melhor.

2 comentários:

Blog do Simeão disse...

Em compensação, Pelotas é das poucas cidades do sul onde temos o Café Aquario, um ponto de encontro tradicional com bons lanches.
Tem restaurantes bons e baratos e um bom camelódromo.
As lojas de componentes eletrônicos são boas.
Muita gente se dedicou a criar e manter escolas, que agora começam a ter muitos concorrentes, inclusives pelo ensino à distância usando a internet.
Os cinemas quase morreram e sofrerão mais com o aumento da velocidade da internet e com os sintonizadores AzBox e as TV a cabo. Basta montar um Home Theater e não precisaremos sair de casa para ver filmes e programas da TV, que agora irão contar com as novas televisões a LEDs.
Quanto ao vandalismo, está piorando e, nos sobra ficar fechados em grades e dizer: prendemos os bandidos lá fora...

Ruthe disse...

Nunca vão me ouvir falar mal de Pelotas!
Os dirigentes fazem o que está ao seu alcance. O triste é constatar que maus pelotenses, aniquilem o que foi feito, com muito trabalho!
Na Serra gaúcha, cada morador preserva o seu espaço e quando algum visitante, desavisado, ultrapassa os limites - multa substanciosa!