“Outros cantam sua terra”, alguém escreveu, num rasgo de ufanismo, propondo-se a também cantar a sua. É prazeroso gabar as belezas da nossa terra. Criticar parece mais fácil, contudo.
No aniversário de Pelotas, mais uma vez, as críticas se avolumaram, como se todos fossemos peritos em administração ou como se soubéssemos fazer muito melhor do que foi feito, nesses quase duzentos anos.
Uma cidade é constituída de prédios, ruas, avenidas e praças _ que nada representam, sem o povo que vive e circula por elas. O povo é o que caracteriza cada lugar, ele é que determina o que ali vale a pena realizar. E, neste caso, o povo somos nós.
É cômodo criticar aos que nos antecederam, principalmente quando já não podem se explicar. Homens e mulheres de sua época, cada um viveu de acordo com a maneira de pensar e proceder então vigente. Qualquer pessoa que já tenha acumulado alguns anos de vida é capaz de compreender que os critérios mudam, conforme a sociedade se transforma. Hábitos e maneirismos considerados naturais, há vinte anos, hoje se tornaram obsoletos e ridículos. Imagine-se o que pensar das práticas e costumes de um ou dois séculos atrás.
Mudou o jeito de namorar, de se relacionar no casamento, de educar os filhos; mudaram as famílias, acrescidas de novos membros, em razão dos divórcios e dos novos casamentos. Mudaram as relações comerciais e, inclusive, as entre patrões e empregados.
Mudanças tão radicais no comportamento de todas as classes sociais não são absorvidas da mesma maneira por uns e outros. Enquanto alguns vão à luta, na esperança de quebrar paradigmas e reverter processos arcaicos, outros se apegam a velhos esquemas, desejando perpetuá-los, e outros, ainda, preferem ficar de lado, só criticando, esquecidos de que só não erra quem nada faz.
Dessa forma, precisando vencer tantas resistências, sobra serviço para aqueles dispostos a construir, sozinhos na determinação de testar novos caminhos, mesmo que nem sempre tudo saia como o esperado.
Por isso, ao invés de buscar no passado as justificativas para eventuais dificuldades, talvez seja hora de assimilar que o presente é nossa responsabilidade e cada um assumir a sua parte, seja procurando eleger os melhores candidatos para cada cargo, seja cumprindo da melhor forma a sua função, por humilde que lhe pareça. Sem o cômodo pensamento de que um pequeno deslize aqui, uma puxadinha de tapete ali não fará diferença, pois são justamente essas atitudes que, acumuladas, mostram o caráter de um povo.
Para cada cidadão, existe algum lugar em que a sua presença poderia fazer a diferença. Há necessidade de lideranças positivas nas escolas, nos sindicatos, nas organizações de amigos do bairro, nos condomínios dos edifícios, nas famílias. Por todo lado, a voz do bom-senso e a ação são bem-vindos.
Pelotas carrega a marca de cidade demasiadamente conservadora. Embora muitas coisas tenham melhorado, ao longo dos anos, ainda há muito a fazer, se a idéia de reclamar não for mais apetitosa que a de ajudar a construir. Nem que seja só aplaudir aos que fazem alguma coisa.
3 comentários:
concordo contigo! Fico feliz de ver que alguem da cidade observe isso.
Pelotas precisa de sangue novo para a sua administração mudar. Os políticos já estão muito deformados. è uma cidade lindissima que precisa alguem com coragem para mudar, não da boca para fora, mas de dentro do coração.
Para começar, que tal um Shopping?
É isto aí, minha querida, vamos aplaudir aos que fazem algo pela nossa cidade e ter sempre a certeza de que "só não erra quem não faz nada."
Um beijão para esta nossa escritora que também é uma lutadora.
Adoro minha Pelotas! Aqui nasci, me criei. Vi e vejo transformações, quase igualadas às grandes cidades. Não podemos parar no tempo - é preciso mudar e mudar, crescer e crescer!
Adoro minha Pelotas!
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