26 de fev. de 2010

Perfeitamente compreensível

Nas crônicas sociais e em outras seções dos jornais de Pelotas, foi flagrante o pesar pela morte de Vilma Braga, a perplexidade por ter desaparecido de forma tão abrupta, sem qualquer aviso e sem a oportunidade de um adeus.

Não é comum que esse tipo de referência seja feito nas colunas sociais, que em geral tratam do lado light da vida, as festas, alegrias e comemorações. Contudo, lidas pelas mais diferentes pessoas, nos mais inimagináveis locais, as crônicas sociais representam um refrigério do amargo da vida, um instante de relax em contraposição às notícias do mundo político e da página policial, e Vilma era presença costumeira nas páginas sociais, o que de certa forma justificaria as referências. Mas, além dessas, ela foi lembrada por outras pessoas, como amiga especial e solidária.

Vilma não era pessoa pública, no entanto mereceu atenção maior que a oferecida a outras personalidades de aparente importância no meio político ou intelectual. Mas qualquer um que tivesse conhecido Vilma compreenderia perfeitamente este fato insólito. Acontece que Vilma era "gente".

Convivi com ela, pela primeira vez, durante uma viagem de uma semana a Nova York, uma excursão para mulheres. Até então, só a conhecia socialmente. Na ocasião, ela se destacou entre todas, exatamente pela característica muito citada nos artigos em sua homenagem, a generosidade.

Percebendo a inexperiência do pequeno grupo onde me encontrava, ela se aproximava e nos dava dicas de onde ir, como conseguir entradas para os espetáculos com lotação esgotada, os melhores lugares para compras. Ajudava-nos, na sua maneira gentil, com tal naturalidade que a nossa inexperiência não se sentia melindrada.

Bem mais tarde, fui sua companheira na diretoria da Casa Santo Antônio do Menor, onde encontrei a mesma Vilma alegre, bem disposta, generosa. Nesse tempo, eram mais vagarosos os seus passos, embora os sapatos de salto alto dessem a mensagem de que não se entregaria facilmente.

Vilma gostava de brilhar e criou o seu tipo, cheia de brilhos e dourados. Mas ria gostosamente de si mesma, mostrando a roupa escolhida e falando: “Tinha que ser essa, não?” _ como para esclarecer que traje mais discreto não combinaria com a sua personalidade exuberante.

Gentil por natureza, Vilma tinha palavras delicadas para todos, elogios sinceros, prontamente manifestados. Circulava em diferentes meios, sempre a mesma, aceitando com simplicidade tanto os deslumbres de certos ambientes como o despojamento de outros. Amava a vida e sabia como usufruir o melhor dela, sem se importar com a opinião alheia.

A sua ausência deixa uma lacuna nos diversos grupos de amigos, onde muitas vezes se fará presente, através da recordação dos momentos compartilhados, a maioria divertidos, com certeza. Vilma fará falta, mas será lembrada com carinho.

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