Ao término de certos dias, a sensação é de que um trator nos passou por cima e, se ainda estamos vivos, só pode ser por obra do acaso (ou Alguém lá em cima resolveu que ainda não é a nossa hora). Dói o corpo todo, recusa-se a cabeça a qualquer idéia, fechada pra balanço.
Quando o problema atinge várias pessoas, as preocupações são compartilhadas. Como ocorre, neste momento, em relação às escolas de educação infantil não governamentais ou filantrópicas, aquelas que se dedicam a proporcionar a crianças pertencentes a famílias de baixa renda (constituídas por empregadas domésticas, faxineiras, recicladoras do lixo urbano)os conhecimentos de pré-escola, capacitando-as a enfrentar dignamente as primeiras séries.
Diferentes das escolas particulares, a que essas crianças não teriam acesso, as filantrópicas, além de serem gratuitas, funcionam em horário integral, entre 8h e 17h30´, proporcionando 5 refeições, de forma que as mães e pais podem trabalhar tranqüilos, certos de que seus filhos estão bem cuidados e alimentados.
Diferentes também das escolas públicas, as filantrópicas, como a Casa de Santo Antônio do Menor (localizada em Pelotas, à rua da Luz, 12 A, fone 05332271274)e tantas outras, pelo Brasil afora, são compromisso assumido espontaneamente pela comunidade,que lhes supre a maioria das necessidades.
Alçadas, contudo, à condição de escolas de educação infantil, cada uma e todas (somente em Pelotas, são oito) passaram a depender de verba federal, repassada através dos municípios, para fazer frente aos salários de professoras com nível de terceiro grau, cuja contratação se tornou obrigatória para essa atividade de ensino.
Ao término de 2011 (daí o sufoco), encerra-se o convênio que garantia a verba governamental. Alguns deputados federais e senadores, conscientes do mal que a interrupção da verba e a conseqüente interrupção no atendimento de muitas dessas escolas causará a milhares de crianças em vários estados brasileiros, criaram emendas com soluções paliativas, que, a seu tempo, serão aprovadas ou não.
Enquanto isso, em cada município deste imenso Brasil, juntamente com a Secretaria de Educação e o Poder Público, escolas, mães, pais, professores, autoridades e pessoas de boa fé buscam alternativas para o impasse causado pela interrupção da verba, pela certeza de que os municípios não possuem escolas suficientes para todas as crianças que batem às suas portas, exigindo o direito assegurado, por lei federal, ao ensino pré-escolar.
São milhares de crianças, em todo o Brasil, prestes a se matricular nas escolas de educação infantil. A verba proporcionada pelo Governo Federal, embora mínima (R$2.171,77 p/criança ao ano), fará falta para os salários das professoras e dos funcionários. Essa foi a participação governamental (multiplicada pelo número de crianças, em cada instituição), pelos três anos em que durou o convênio com as organizações não governamentais, dedicadas à pré-escola; todo o resto foi suprido pela comunidade. Suspensa a verba, para 2012, as escolas estão em sérios apuros.
Sem condições de arcar com os salários, algumas deixarão de matricular novas turmas, outras mudarão o público atendido, algumas receiam ter que fechar as portas.
Crianças na escola em tempo integral, como nesse caso, corresponde a mães com capacidade para trazer um salário para casa e garantir o sustento dos seus, sem depender de Bolsa Família ou outra ajuda governamental. Crianças com direito à educação adequada serão adultos donos do seu destino, sem precisar de cotas para ingressar aqui ou ali. Não é tudo o que se deseja? Por essa convicção compartilhada com muitas cabeças pensantes e bem intencionadas, um fio de esperança resiste, à espera de alguma alternativa que possibilite a continuação do atendimento prestado.
Um comentário:
Gostaria,imensamente, de um dia ouvir boas notícias sobre EDUCAÇÂO e,SAÚDE! Todas as que temos, agora, é de chorar!
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