Suas crônicas mostram intimidade com a terra e a vida no campo, na simplicidade com que trata temas espinhosos como relações humanas, amor, ciúme, inveja, dor e morte.
23 de jun. de 2012
Fiasco
Bem que o Dr Wilson, amigo do HOUSE, no penúltimo capítulo da série televisiva que acabou nesta semana, podia nos ter poupado daquele fiasco. Após representar, por dezenas de capítulos, a voz do bom senso e da serenidade, na conturbada amizade com o médico genial que deu nome à série, de repente, num vaptvupt, perdeu-se o homem: médico oncologista, entrou na maior paranoia, ao receber o diagnóstico de câncer, com expectativa de cinco meses de vida.
O Dr. Gregory House, interpretado pelo ator inglês Hugh Laurie, é o personagem principal da série norte-americana HOUSE, exibida nos Estados Unidos de novembro de 2004 a maio de 2012, pela FOX; no Brasil, pela Universal Channel. A série, que recebeu dois Globos de Ouro, está em sua oitava e última temporada.
Chefe do Departamento de Medicina Diagnóstica de um hospital universitário fictício no estado de New Jersey, nos Estados Unidos, pelo temperamento antissocial e pelas atitudes questionáveis, o Dr House desperta sentimentos contraditórios tanto em seus colegas como nos pacientes e até nos telespectadores, muitas vezes desejosos de mandá-lo ir se tratar com algum psiquiatra, para parar de aprontar tantas.
Como ponto de equilíbrio, em todos os relacionamentos, figura seu único amigo e confidente, o Dr Wilson. Até o penúltimo capítulo, quando esse recebe o diagnóstico de câncer e desmorona, como se a ele, oncologista, isso não pudesse acontecer.
Ao perceber o tema que seria tratado, considerado pesado para o final da noite, alguém pensou em mudar de canal na TV. Mas achei o fiasco tão grande, partindo de um médico que deveria ter aprendido, com seus pacientes, a encarar a doença e a morte com naturalidade, que desejei saber até onde iria o autor, em seu afã de causar impacto.
Imaginei a situação que se criaria, caso o oncologista, surpreendentemente, vencesse a doença (pode acontecer!) e voltasse a clinicar. Quem acreditaria num médico que, ao receber um diagnóstico inesperado, entrasse em desespero, recusando-se a iniciar o tratamento? O mesmo tratamento que ele recomendara a centenas de pacientes? Pela fidelidade em assistir a tantos capítulos da série _ verdade que para escapar das notícias dos telejornais, mais traumáticas _ bem que os telespectadores podiam ter sido poupados deste fiasco pelo autor da série, David Shore.
E aí alguém da plateia poderia contestar, cheio de dó: _ “Mas, coitado, ele descobriu que tinha só cinco meses de vida”! E daí? _ responderiam os milhares que sabem das coisas. Acaso alguém sabe quanto tempo de vida lhe resta? E, como ninguém sabe nada do futuro, não é melhor curtir o presente, viver cada dia com prazer, em lugar de se amofinar por coisas que fogem ao nosso controle?
Pior que ter qualquer mal diagnosticado é se arrastar pelos dias e noites, sem alegria de viver, sem ânimo para enfrentar cada situação, temeroso do futuro, como se ele pudesse ser mais triste que viver sem esperança _ e isso acontece a quem sofre por antecipação. A morte, por imprevisível que nos pareça, faz parte da vida. Mas ninguém precisa se entregar, antes da hora. Nessa queda de braço, ganha quem aprende a usufruir o melhor de cada instante.
Mas o que nos reservou o último capítulo da série HOUSE, que ainda não pude assistir? Quem sabe o autor ingeriu um antiácido e, pazes feitas com o seu estômago, nos preparou um final feliz, como tantos que a vida proporciona? Só pra compensar o fiasco do penúltimo capítulo.
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Um comentário:
Nunca gostei de saber o futuro. Deixo tudo acontecer, para não ter que sofrer, por antecipação, se for o caso.
As pessoas tentam adivinhar, pois nada se sabe de nada!
Beijos
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