Leio que o Facebook, essa poderosa máquina capaz de aproximar pessoas que há anos se perderam de vista, possui o seu lado negativo, que é a propriedade de despertar sentimentos de inveja e menos valia nos desavisados.
No Facebook, como nas crônicas sociais e nos álbuns de fotografia, todos aparecem sorridentes, em eventos maravilhosos, viagens a lugares inacessíveis à maioria dos mortais, lares onde a felicidade parece haver se instalado para sempre. Não dá para acreditar que, dois minutos antes de chegar à festa, o casal estava se dizendo as últimas ou o filho ameaçando sair porta a fora, se não for atendido em suas últimas vontades.
Óbvio que ninguém vai colocar no Face fotos de quando estiver mal com a vida, aborrecido com a esposa, aguentando uma conversa chata, a casa desarrumada, aquela tremenda dor de dentes, a água verde da piscina denunciando a falta de trato, o jardim virado num caos _ coisas que cedo ou tarde nos acontecem. Só as crianças, coitadas, são pegas em flagrante quando mal-humoradas, fazendo beicinho, para encanto dos adultos, com critérios diferentes para si e para os pequenos. Adultos cuidam de se proteger, escolhem seus melhores momentos, as melhores poses, o mais lindo sorriso, vale até a foto de quatro anos atrás, para impressionar aos novos e velhos amigos. E aqueles caem na armadilha e se sentem diminuídos, conscientes de suas vidas sem maiores encantos, numa espécie de bullying autoimposto.
Mas esse critério de bullying precisa ser reavaliado. As pessoas precisam criar suas próprias defesas, buscar a veracidade atrás de cada gabolice, entender que todas as vidas têm seus momentos de altos e baixos, que o responsável pelo bullying, mais que agressor, é um pobre infeliz, que se diverte com as maldades causadas. Além do mais, nas redes sociais, ninguém conta as dificuldades do relacionamento amoroso, os desaforos que ouviu do enteado, nem explica porque a sociedade na franquia, aquela que parecia perfeita, acabou de repente. Todos querem aparecer bem na foto, para azar dos ingênuos, corroídos pela inveja, incapazes de ler nas entrelinhas.
E essa capacidade de não se deixar impressionar pelo que nos apresentam, pela necessidade que os outros também possuem de se sentirem superiores, escondendo suas mazelas e fraquezas, pode ser incentivada desde a infância, fortalecendo nossas crianças e jovens, para que não se sintam diminuídos, porque a amiguinha se gaba da piscina que tem em casa, do quarto cheio de brinquedos, do status social do pai. Cada um possui suas vantagens e desvantagens e o poder pertence a quem acredita em si, admirando os outros, mas feliz com o seu modo de ser.
Pessoas há que parecem possuir todo tipo de privilégios, bonitas, boa condição social e financeira, e, no entanto, são mesquinhas, dispostas a puxar o tapete de qualquer um que ameace se destacar. Sofrem de autoestima baixa essas pobres coitadas, por isso não suportam a mais leve sombra, ainda que passageira; só estão felizes quando no topo, e que esforço fazem para se manter no alto.
O Facebook, em muitos casos, representa a necessidade de se mostrar atraente aos olhos alheios. Caem na armadilha os fragilizados, levados a crer que suas vidas são medíocres, diante das maravilhas que outros parecem usufruir. Mas também possui muitos pontos positivos: serve como espanta-solidão, resgata amigos perdidos no tempo, estabelece novos contatos, permite acesso a sites desconhecidos, provoca a troca de ideias. Como qualquer amigo, pode fazer bem ou mal, conforme lhe damos o título de guru ou consideramos uma ferramenta de trabalho ou diversão.
2 comentários:
Coloquei no meu Face também ....bjo grande querida"
Tudo na vida nos deparamos com os dois lados da moeda. No Facebook, apenas vemos um dos lados, mas ele nos deixa alegres, o que nos faz muito bem, pois das tristezas, que sabemos existirem, não queremos saber!
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