Quando eu me manifestei interessada em determinada atividade, logo brotaram inúmeras sugestões para melhor desempenhá-la. Alguém esboçou um projeto, outro conhecia as pessoas a contatar, um terceiro apresentou o software adequado, todos com a maior boa vontade. Como principal interessada no assunto, porém, a mim competiam o trabalho pesado e a total responsabilidade. Por isso, à proporção que o serviço aumentava, quase me vi dizendo, como criança, que desistia do brinquedo. Nesse momento, fui obrigada a reconsiderar a sua importância.
Quanto desejo investir nos meus sonhos? Até onde vale a pena avançar? Quantas horas desejo ceder do meu lazer ou do repouso? Quanto sou responsável pelo fracasso ou pela estagnação de qualquer empreendimento?_ são as perguntas que nos fazemos, no dia-a-dia, mesmo sem perceber.
Quando desejamos desenvolver determinada aptidão ou tarefa, mas não nos damos por inteiro, na verdade preferimos a mediocridade. Se não cedêssemos à preguiça e não fôssemos os primeiros a nos colocar empecilhos, seria menos difícil atingir nossas metas e, como conseqüência, o sucesso. O problema é que corremos atrás dele, determinados, obstinados, e, quando ele chega, descobrimos que havia um preço a pagar. Na escalada, colocamos em risco outros valores: família, amigos, qualidade de vida, outros interesses.
O topo não é uma plataforma onde podemos sentar e apreciar a paisagem. Alcançado, logo surgem novas solicitações, exigindo contínuo envolvimento. Procurar novos contatos ou ler o livro recém adquirido? Matricular-me num curso noturno ou ter as noites livres? Conforme crescem as dúvidas e solicitações, descubro as minhas prioridades. Coloco na balança os benefícios e as perdas; depois, avanço ou recuo.
Nesse caso, não adianta procurar os culpados pela minha incapacidade de ir além. Em qualquer situação, os outros não são os responsáveis nem os vilões _ preciso parar com essa mania de procurar o culpado ao redor. As oportunidades existem e serão pegas por alguém mais audaz, ambicioso ou com bens menos preciosos a perder.
Com ou sem razão, eu mesma estabeleço os meus limites. Cada um tem o brilho que merece ou pelo qual se interessa.”Já cheguei onde queria e paro por aqui”, posso decidir. Se essa for a minha decisão, tenho direito a ela. Só é bom que eu esteja bem ciente de tudo o que acarreta _ por causa da tal mania que lembrei acima.
Mais importante que qualquer opção, no entanto, é a minha coerência: ser capaz de pagar o preço, se as conquistas forem importantes, ou permitir-me ser feliz atrás dos bastidores, se essa foi a escolha.
A descoberta do próprio potencial é o prêmio à espera de cada um que se arrisca, se expõe e aceita travar as suas batalhas íntimas. A medalha mais preciosa nós mesmos nos entregamos, quando estamos certos de ter feito o nosso melhor.
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