Quando estiver indecisa, medrosa de arriscar, perder tempo, quebrar a cara, desejo que alguém me sopre ao ouvido: “Siga a sua brisa interior”. Eu saberei entender a mensagem e a completarei, do meu modo, enquanto estiver preparando a mochila e juntando os últimos pertences: “Experimente. Retorne quantas vezes precisar, mas nunca deixe de procurar novos caminhos. Nessa ânsia de conhecer, faça a sua segunda natureza, em oposição à voz que lhe ordena excesso de cautela” _ direi a mim mesma.
É perturbador o receio de nos darmos mal, o apego ao conhecido, a vontade de colocar os pés na antiga trilha, mas a aragem que nos envolve tem tal poder entusiástico, que nos deixamos levar. Corajosos, seguimos, sem mais questionamentos, como quem vai, facão na mão, abrindo picadas.
No entanto, em vezes sem conta, agimos de modo inverso, levados pelo engano de procurar fora de nós a força capaz de nos impulsionar. Acreditamos mais nos outros e nas suas sentenças. Se, nessas ocasiões, pudermos ouvir a voz da nossa própria sabedoria, descobriremos que a melhor mestra é a intuição, justamente aquela que costumamos fazer calar à primeira aguilhoada.
Impressiona-me a capacidade que tenho de abafar a intuição, como se ela fosse uma inimiga, só porque comete a temeridade de querer me alertar. Quando eu a ignoro, mal-educada como só ela me permite ser, ela se cala, humilde, e até me deixa esquecer a sua intromissão. Muito tempo depois, quando o caldo já entornou e penso: “Como não percebi?” _ então lembro sua investida tímida e sei que pisei na bola novamente.
Muitas vezes os outros nos atrapalham, seja com elogios exagerados, ameaças, chantagens emocionais, derrotismo ou qualquer outra maneira de nos fazer cruzar os braços. Em algumas ocasiões, eles agem sem maldade e, como não se consideram culpados, conservarão este comportamento enquanto permitirmos. Em outras, podem ter motivações que fogem à nossa compreensão. Mesmo pessoas conceituadas, capazes de merecerem todo o nosso crédito, cometem deslizes. Por essa razão, é essencial que não nos deixemos levar pela primeira opinião diferente da nossa.
Suscetíveis às críticas, inseguros, qualquer manifestação contrária pode ser suficiente para abalar a nossa certeza e nos fazer desistir dos novos projetos ou experiências. Por isso é importante dar crédito à voz interior. Fazer o que o coração manda. Compete a cada um ouvir a fala que o vento sussurra e se deixar levar.
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