Na Fazenda da Figueira, empresa rural localizada no interior de Pedro Osório, município no extremo sul do Brasil, ali onde o Rio Grande quase abraça o Uruguai, tenho vivido, observando a natureza. Cresce o arroz e agita sua verde promessa, a soja às vezes se encrespa, aborrecida com a falta de chuva, o milharal se ressente com a gritaria e o avanço incessante das caturritas. Mas é o mundo animal que me fascina e nele detenho o meu olhar.
No rebanho bufalino, nasceu um terneiro branco. Desde o nascimento, ele foi discriminado pelos seus pares. Rejeitado pelos outros terneiros, perseguido pelas vacas do seu grupo, só a mãe o acolheu. Sendo albino, ele mesmo terminou por isolar-se dela, preferindo a sombra do mato.
Os búfalos costumam ter um comportamento diverso do gado bovino. Possuem peculiaridades interessantes. O primeiro que eu conheci veio, com duas fêmeas, lá do interior de São Paulo. Era manso e dócil, criado em mangueira, tomando leite em mamadeira; sentimental, deixava correr uma lágrima _ verdade! _ quando alguém lhe coçava a parte superior da cabeça, entre as aspas retorcidas e afiadas. Quando inventaram de construir uma casa, ele resolveu participar da brincadeira. Enquanto duravam as obras, os pedreiros construíram uma “casinha” de madeira para lhes servir de sanitário. Pois o búfalo gostava de derrubar a casinha, estivesse ou não ocupada. Isso criou um sério problema para os trabalhadores, que passaram vários meses indo ao sanitário com a porta aberta, a fim de perceber a chegada do búfalo e sair correndo, antes que ele fizesse a sua gracinha.
Depois, conforme o rebanho aumentava, precisou ser feito um rodízio entre eles, alguns permanecendo próximos à sede e os outros em diferentes campos. Aqueles que ficavam por muito tempo longe, tornavam-se ariscos. Como são animais muito curiosos, sua aproximação causava pânico, confundida a curiosidade com agressividade. Quando o jipe parava no meio do descampado, eles acorriam de todos os lados e formavam um aterrorizante círculo negro; quando alguém resolvia caminhar, acompanhado de um cachorro, era perseguido, pois eles detestam cães.
Com o passar do tempo, começamos a compreender a sua psicologia. Búfalo com fome simplesmente troca de campo à sua vontade; cancelas comuns não os seguram: precisam ser fechadas com correntes. As vacas protegem todos os terneiros; caso percebam algum perigo, reagem em grupo, como manada.
Certo dia, tomadas todas as precauções, saímos a cavalgar. Precisaríamos passar pelo meio do rebanho, mas não tive receio, estava bem acompanhada e não levava os cães. De repente, quando próximos ao macho, notei seu olhar agressivo e ele embalou em nossa direção. Foi dado o grito de alerta e partimos em corrida desabalada, os cavalos talvez pressentindo o risco antes de nós. Olhávamos para trás, ele parara, diminuíamos a marcha, ele vinha novamente e tudo recomeçava. Quando, enfim, ele desistiu, eu já me imaginava voando por cima da porteira, o coração quase saindo pela boca. Fizemos uma volta enorme para chegar à casa. Soubemos depois que tínhamos passado perto dos terneiros, o que viola o código bubalino.
Com o tempo, fomos aprendendo a conhecer os búfalos e nos tornamos seus admiradores. Contudo, causou-me revolta o seu comportamento, ao perseguir e escorraçar o pequeno terneiro branco. Mas, como animais, eles apenas obedecem às duras leis da natureza, e, assim, o produto diferente ou fraco deve ser eliminado, a fim de evitar a reprodução.
Afastado do grupo e de sua própria mãe, ele veio parar no piquete em frente a casa, onde uma vaca holandesa o adotou sem problemas.Agora ele é muito mimado, conduzido com calma pelos peões e mesmo fotografado. Até uma crônica foi escrita em sua homenagem. Seus problemas de identificação talvez sejam compensados pelas regalias obtidas. Afinal, ser diferente pode ter compensações.
No rebanho bufalino, nasceu um terneiro branco. Desde o nascimento, ele foi discriminado pelos seus pares. Rejeitado pelos outros terneiros, perseguido pelas vacas do seu grupo, só a mãe o acolheu. Sendo albino, ele mesmo terminou por isolar-se dela, preferindo a sombra do mato.
Os búfalos costumam ter um comportamento diverso do gado bovino. Possuem peculiaridades interessantes. O primeiro que eu conheci veio, com duas fêmeas, lá do interior de São Paulo. Era manso e dócil, criado em mangueira, tomando leite em mamadeira; sentimental, deixava correr uma lágrima _ verdade! _ quando alguém lhe coçava a parte superior da cabeça, entre as aspas retorcidas e afiadas. Quando inventaram de construir uma casa, ele resolveu participar da brincadeira. Enquanto duravam as obras, os pedreiros construíram uma “casinha” de madeira para lhes servir de sanitário. Pois o búfalo gostava de derrubar a casinha, estivesse ou não ocupada. Isso criou um sério problema para os trabalhadores, que passaram vários meses indo ao sanitário com a porta aberta, a fim de perceber a chegada do búfalo e sair correndo, antes que ele fizesse a sua gracinha.
Depois, conforme o rebanho aumentava, precisou ser feito um rodízio entre eles, alguns permanecendo próximos à sede e os outros em diferentes campos. Aqueles que ficavam por muito tempo longe, tornavam-se ariscos. Como são animais muito curiosos, sua aproximação causava pânico, confundida a curiosidade com agressividade. Quando o jipe parava no meio do descampado, eles acorriam de todos os lados e formavam um aterrorizante círculo negro; quando alguém resolvia caminhar, acompanhado de um cachorro, era perseguido, pois eles detestam cães.
Com o passar do tempo, começamos a compreender a sua psicologia. Búfalo com fome simplesmente troca de campo à sua vontade; cancelas comuns não os seguram: precisam ser fechadas com correntes. As vacas protegem todos os terneiros; caso percebam algum perigo, reagem em grupo, como manada.
Certo dia, tomadas todas as precauções, saímos a cavalgar. Precisaríamos passar pelo meio do rebanho, mas não tive receio, estava bem acompanhada e não levava os cães. De repente, quando próximos ao macho, notei seu olhar agressivo e ele embalou em nossa direção. Foi dado o grito de alerta e partimos em corrida desabalada, os cavalos talvez pressentindo o risco antes de nós. Olhávamos para trás, ele parara, diminuíamos a marcha, ele vinha novamente e tudo recomeçava. Quando, enfim, ele desistiu, eu já me imaginava voando por cima da porteira, o coração quase saindo pela boca. Fizemos uma volta enorme para chegar à casa. Soubemos depois que tínhamos passado perto dos terneiros, o que viola o código bubalino.
Com o tempo, fomos aprendendo a conhecer os búfalos e nos tornamos seus admiradores. Contudo, causou-me revolta o seu comportamento, ao perseguir e escorraçar o pequeno terneiro branco. Mas, como animais, eles apenas obedecem às duras leis da natureza, e, assim, o produto diferente ou fraco deve ser eliminado, a fim de evitar a reprodução.
Afastado do grupo e de sua própria mãe, ele veio parar no piquete em frente a casa, onde uma vaca holandesa o adotou sem problemas.Agora ele é muito mimado, conduzido com calma pelos peões e mesmo fotografado. Até uma crônica foi escrita em sua homenagem. Seus problemas de identificação talvez sejam compensados pelas regalias obtidas. Afinal, ser diferente pode ter compensações.
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