14 de jan. de 2005

Ainda o desarmamento

Em crônica anterior, comentei sobre o tema “Desarmamento”, medida tomada pelo governo federal,com o intuito de diminuir a violência. Recebi algumas mensagens em total concordância e outras em completo desacordo, todas abalizadas e fruto de profunda reflexão.

Essa é a proposta desse tipo de crônica: que todos sejam levados a pensar no assunto e a manifestar a sua opinião.

Entidades não governamentais recebem milionárias doações internacionais para o programa de desarmamento da população civil brasileira, como é possível constatar na internet. Enquanto isso, a insegurança obriga a que nos fechemos em mini-prisões, na tentativa de encontrar proteção em grades, cães e alarmes. Balas cruzam o céu do Rio de Janeiro, cidade que deveria ser o cartão postal do Brasil.As manchetes dos jornais relatam à exaustão seqüestros e assaltos. Nesse clima de medo, cidadãos honestos e laboriosos são presos por terem um revólver em seu poder.

Contudo, armas de fogo não são as responsáveis pela violência que assola o país. Mais que causa, elas são a conseqüência.

Armas de fogo são perigosas em mãos criminosas ou inconseqüentes, como já foi dito. Da mesma forma que qualquer faca, até mesmo as utilizadas nas cozinhas, ou as “peixeiras” dos nordestinos. Seguindo esse raciocínio, é perigosa uma barra de ferro, uma garrafa de vidro, um porrete, uma caixa de fósforos, como aquela que incendiou o índio, em Brasília.

Também perigosos são os fogos de artifício, como os que causaram o incêndio na boate Cromagnon, na Argentina, em plena comemoração de final de ano, com 900 vítimas, entre mortos e feridos. E o que dizer do automóvel?

Pessoas responsáveis, equilibradas e capazes utilizam as armas de fogo apenas em legítima defesa. Elas representam o único instrumento que deixa em condições de igualdade velhos e jovens, fracos e fortes, homens e mulheres.

Por outro lado, especialistas em segurança pública apontam redução no índice de criminalidade, em conseqüência do desarmamento. Acusam que a maioria dos crimes hoje ocorridos resulta de desentendimentos pessoais, somando-se a posse de armas aos desequilíbrios emocionais temporários.

Campanhas exaustivas, envolvendo todos os meios de comunicação, com o objetivo de desarmar os espíritos e conter a violência, bem como severas restrições aos excessos, talvez fossem mais interessantes que as proibições. Também a obrigatoriedade do porte de arma, quando fora da residência, novamente observadas as restrições legais ao seu uso, com suspensão do mesmo, em caso de utilização indevida ou em local inadequado.

“Desarmamento em massa é condição necessária para o domínio e abuso das pessoas pacíficas” _ é alerta ainda da internet, fortalecido pela lembrança do ocorrido na Alemanha, Turquia, União Soviética, China, Guatemala, Uganda e Camboja, após o desarmamento da população ordeira e bem-intencionada.

Será útil que cada um de nós tome a si a tarefa de questionar e procurar maiores informações sobre temas que nos dizem respeito, como esse. Da mesma forma, será preciso ponderar sobre a responsabilidade do Estado quanto à segurança de todo e qualquer cidadão, seja na zona rural, seja no mais remoto ponto do país. No momento em que retira desse o direito à legítima defesa, por certo o Estado se propõe a garantir a segurança pessoal e patrimonial dos seus cidadãos.

Bom seria se não precisassem existir armas, pois todos os espíritos estariam desarmados. Sonhemos com esse mundo ideal.

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