Um pequeno grupo de produtores rurais percebeu a grande crise no setor rural e começou a realizar debates semanais, com o intuito de encontrar uma saída. Embora os órgãos governamentais se manifestassem muito contentes com a atuação do agronegócio e a mídia enaltecesse a grande parcela da contribuição rural para os cofres públicos, cada produtor sabia de realidade bem diferente, dentro das porteiras de sua propriedade. Os preços dos seus produtos, principalmente carne e arroz, mostravam-se aviltados, e suas reivindicações não eram ouvidas, nas imponentes salas onde são decididos os destinos da nação.
“Vocês já vêm pedir novamente?” _ falavam alguns políticos em Brasília, quando representantes de entidades rurais lá chegavam, lutando pelos interesses da classe desprestigiada e mal-vista.
Como quem puxa um fio de linha e solta o botão da camisa, os produtores compreenderam que a dimensão do problema era bem maior que a imaginada, conforme foram aprofundando seus estudos. Do desânimo inicial passaram ao empenho em dominar o assunto. Com esse intuito, primeiro foram ao Uruguai, falaram com donos de frigoríficos exportadores, descobriram os caminhos da exportação. Depois, procurando os pontos de compra de carne na capital, Porto Alegre, ouviram de um supermercadista que não lhe interessava a idéia de abastecimento regular dos postos de venda com carne nobre, pois “na desorganização e desunião dos ruralistas está o nosso lucro”, como ele falou.
Aí o tiro saiu pela culatra: ao invés de desanimar, o confiante comprador conseguiu tocar fogo no movimento, que então já se chamava GRUPO DE TRABALHO AUTÔNOMO DE PRODUTORES RURAIS- PELOTAS. Apenas pelo fato de nesta cidade se realizarem as reuniões, que somam produtores de vários municípios.
Com a continuação dos contatos, foi fácil compreender que a crise não era do agronegócio, mas de toda a Metade Sul, esquecida na ponta final do mapa, única prejudicada pela atual modalidade do Mercosul, obrigada a receber do Uruguai e da Argentina produtos que já abarrotavam os seus armazéns.
“Arroz não é moeda podre de troca. Mercosul agro-exportador” – estava escrito no cartaz que alguns deles, de forma inesperada, ergueram diante dos embaixadores do Uruguai, Argentina e Brasil, em almoço de confraternização no Hotel Plaza São Rafael. Os narizes de palhaço, tirados do bolso e colocados diante da atônita platéia, mostrando o sentimento de toda a classe rural, despertaram aplausos e cumprimentos até dos embaixadores, espantados com a educada manifestação.
Muitos outros lances tem tido essa luta, que já levou esses homens do campo, destreinados das lides políticas, a exporem suas idéias na Assembléia Legislativa e no Senado federal, conquistando parcerias de políticos influentes e destemidos.
Pois é essa gente, que nunca esperou sentada, por isso hoje produz para alimentar o Brasil e ainda exportar, que foi além, encontrou outros idealistas, estudiosos do assunto, e esboçou um plano de estratégias para promover o desenvolvimento da Metade Sul.
São eles, em parceria com a Associação Comercial e Industrial de Pedro Osório, COMUDE e Sindicato Rural de Pedro Osório e Cerrito, que nos convidam para participar do FÓRUM METADE SUL POR OUTRO PRISMA, a se realizar no dia 25 de fevereiro de 2005, a partir das 10h da manhã, no CTG Fogo de Chão, na cidade de Pedro Osório. Lá serão apresentadas e debatidas soluções sensatas e viáveis para possibilitar o desenvolvimento da Região Sul, agora com a adesão do comércio e da indústria.
É importante que todos os segmentos da sociedade gaúcha se façam presentes, para demonstrar a nossa disposição de lutar pelos nossos direitos. Para que amanhã não precisemos todos colocar narizes de palhaço a fim de manifestar a nossa indignação.
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