Gente, uma boa notícia: há vida após os cinqüenta, sessenta, setenta e oitenta anos. Fontes confiáveis fazem tal constatação, inclusive com depoimentos pessoais bem-humorados e autênticos, como costumam ser os das pessoas nessas idades, quando de bem com a vida.
Por que transmito, como inédita, notícia de aparência tão óbvia? É que julguei necessário tranqüilizar os leitores que acaso estivessem se sentindo inadequados, por terem ultrapassado a faixa dos cinqüenta, ao ler determinados artigos em jornais e revistas. Inadequação justificada pelo fato de não serem sequer citados, em determinados assuntos.
Na mesma semana, encontrei três referências a esse tema, duas na mídia escrita e uma na televisão, com dicas sobre saúde, exercícios físicos, práticas sexuais, as três se dirigindo exclusivamente até os cinqüenta anos.
Nesses tempos em que se tornou moda lutar contra qualquer tipo de discriminação, sugiro que os viventes após os cinqüenta exijam os seus direitos e levantem as mãos, acusando as presenças. “Olhem nós aqui, estamos vivos!”, devem gritar, como faço agora.
Quando completei quarenta anos, ouvi, em conversa informal, a frase “uma velha de quarenta anos”, referindo-se a outra pessoa. Rindo, contei a minha idade à jovem de trinta, que pediu desculpas pela inconveniência. Exatamente dez anos mais tarde, ouvi novamente a frase discriminatória, agora em relação a “uma velha de cinqüenta anos” e mais uma vez lembrei que eu era essa, para constrangimento da “jovem” com dez anos a menos.
É exatamente assim que acontece, sabe bem quem alcançou certa idade: conforme o tempo avança e nos acrescenta cabelos brancos e sapiência, a juventude se concentra na alma, instala-se no espírito, mistura suas raízes com as da maturidade, acrescentando um charme novo e um encanto peculiar. Não se trata de desejar reter uma fase da vida que realmente passou, mas de conservar algumas características salutares à continuação dela.
O culto atual aos elevados padrões de beleza estética, acrescido pela entrada no mercado da moda e nas novelas de homens e mulheres cada vez mais jovens, meninas já transformadas em símbolos sexuais, faz com que tudo se torne muito transitório. O ídolo de ontem passa ao papel de pai, a mocinha de há pouco não mais beija o galã, agora é sua mãe, envolvida em casos amorosos com os amigos do filho, num sinal de novos costumes.
O desenrolar desses acontecimentos, acompanhado na tela da TV ou nas revistas semanais, deixa-nos com a exacerbada sensação de que o nosso tempo também passou. No entanto, contra todas as informações recebidas, fala mais alto a alegria de viver, participar e usufruir das pessoas que se recusam a assumir o papel passivo a elas reservado. Aquelas pessoas que nunca falam “no meu tempo”, pois fazem que seja seu o tempo presente.
Inclusive, acredito que também devem ter muito a contar alguns daqueles que já atingiram e ultrapassaram os noventa anos. Bom seria se nos falassem de suas experiências e dos seus sentimentos, para nos enriquecerem com a sua sabedoria e suas lições de vida. Porque, pelo visto e lido, temos ainda muito a aprender.
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