Circula na internet sugestiva história, com a seguinte conclusão: “Amor verdadeiro é a aceitação de tudo o que outro é, de tudo o que o outro foi, de tudo o que outro será...e do que já não é”.
Esta profunda definição, enviada por uma jovem, além de me fazer pensar no amor, no quanto ele nos exige e põe à prova, também me lembrou a juventude atual, perplexa e desapontada com as diversas formas de amor que ela observa e encontra.
Para começar, amor é sempre verdadeiro. Às vezes, ele não dura o tempo suficiente para vencer todas essas provas, sucumbe quando o outro muda, ou prejudicado pelas nossas próprias mudanças. Às vezes, precisa ser abafado, porque o outro seguiu adiante e nos deixou. Isso não quer dizer que ele não aconteceu ou foi de pouco valor: apenas não foi duradouro.
Em outras ocasiões, diante dos revezes demasiados, ele se encolhe e murcha, sem clima propício para a sua expansão. A falta constante de dinheiro, os aborrecimentos com o acúmulo das contas, as amargas queixas dos filhos, com pedidos que, para serem atendidos, acumulam mais dívidas e problemas _ tudo isso age contra o florescimento do amor. Sem poder se proporcionar um momento de prazer e descontração, os parceiros se culpam mutuamente e tomam rumos opostos, cada um resolvido a procurar em outro canto o que ali não prosperou.
No extremo oposto, o amor pode ser desprestigiado pelo dinheiro fácil, dando a impressão de que tudo se pode comprar, até mesmo os sentimentos, como quando as celebridades realizam casamentos-relâmpagos, em que elas mais buscam espaço na mídia que achar o par ideal.
Com tantas complicações, aliadas à permissividade dos tempos atuais, grande parte dos jovens opta pelo “ficar”, sem maiores compromissos. Alguns trocam de parceiros com a mesma facilidade com que mudam a camiseta. Mas imagino que a isso não chamem “amor”. Nem que pretendam, dessa forma, encontra-lo. Porque, nesse caso, estariam procurando nos lugares errados, portando-se da forma inadequada, contentando-se com imitação barata. Sendo os jovens de hoje, em sua maioria, tão exigentes em matéria de consumo, deverão estender essa exigência aos relacionamentos amorosos, quando desejarem encontrar alguém para partilhar o futuro.
No entanto, ainda que alguém procure usar os melhores critérios de escolha e deseje fazer tudo da forma que julgar mais perfeita, segue sendo uma incógnita o fato de alguns casais darem certo e outros, não. O tempo proporciona grandes modificações no íntimo dos dois jovens que, num dia longínquo, prometeram amor eterno. Essas mudanças, em inúmeras circunstâncias, mais afastam que unem, sem que ninguém seja culpado. Por esse motivo, ainda que tomem caminhos diferentes, ambos podem guardar uma boa lembrança e a certeza de que valeu a pena. Principalmente quando frutos deixou.
Outros, contudo, sem compreender porque foram presenteados com tal sorte, procuram contornar as diferenças, pelo prazer de permanecerem juntos. Talvez sem levar tão a sério a definição inicial; com certeza, sem a aceitação total que ela propõe. Muitas vezes, em lugar de aceitar tudo o que outro é, foi ou será, amando-o, apesar de tudo isso.
O amor desses, no entanto, não é melhor, nem mais verdadeiro que os outros que se vê por aí. Quem sabe eles apenas compreenderam a tempo o seu valor e se dispuseram a lutar por ele, como se luta pelo bem mais precioso.
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