Inicio o turismo pelo interior de Portugal, percorrendo a sinuosa estrada rumo a Cascais, antiga vila de pescadores e local de veraneio da corte portuguesa, hoje agitado e cosmopolita balneário, com sofisticado comércio, bares e restaurantes da moda. Depois, através da serra arborizada, em curvas fechadas contornando as ladeiras cobertas de esplêndida vegetação, continuamos para Sintra. Vislumbro paisagens magníficas, visito castelos históricos, o Palácio Nacional, residência de verão e refugio favorito dos reis de Portugal, até a década de 1880. Compreendo que começo um irremediável caso de amor com Portugal.
Caminho pelas estreitas e íngremes ruas de Sintra, percorro o centro histórico, declarado Patrimônio da Humanidade, pela UNESCO, em 1995. Ah, o delicioso “travesseiro”, doce característico da famosa confeitaria Piriquita 1! Como faz jus à fama, esqueço as boas intenções e peço o segundo. Retomamos a estrada e vamos até o Cabo da Roca, ponta mais ocidental do continente europeu, onde consta a inscrição de Camões: “Aqui... onde a terra se acaba e o mar começa”.
Depois, voltamos a Lisboa, para tratar do aluguel do automóvel para a viagem a Sevilha, no dia seguinte. Pretendemos permanecer lá quatro dias e retornar, no intuito de aumentar a intimidade com a hospitaleira Lisboa. Nunca com a pretensão de conhecê-la profundamente, pois para isso seria necessário muito mais tempo, inclusive para despertar os adormecidos conhecimentos de sua história.
Pela manhã, seguimos para Sevilha. Saímos de Lisboa através da Ponte Vasco da Gama, com 12 km, inaugurada em 1998. A idéia é, no caminho, conhecer Vilamoura e Faro, ambas no Algarve. Vilamoura é sofisticada praia, local preferido dos mais exigentes turistas europeus, cujo destaque é a grande marina, repleta de lindas lanchas, de frente para movimentados cafés, restaurantes e lojas.
Faro mal podemos conhecer, um pouco pela nossa pressa, outro tanto pelas trapalhadas dos diversos informantes. Quis o acaso que, em plena praia portuguesa, escolhêssemos um transeunte que, ao pedirmos informações, perguntou-nos se as desejávamos em inglês ou alemão. Risonha, nossa companheira, de origem germânica, respondeu-lhe que poderia ser em alemão, recebendo suas detalhadas explicações. Duvidando dos conhecimentos do estrangeiro, resolvemos perguntar a outro como chegar à beira da praia. No carregado sotaque local, ele respondeu: “Se querem ir à praia, por que vieram ao centro? Aqui não tem saída”. Antes que desatássemos a rir da despropositada resposta, ele se apercebeu do absurdo da mesma e nos sugeriu dobrar à esquerda, na próxima sinaleira. Manobra proibida, mas que ele sempre executava, garantiu. Como não quiséssemos nos arriscar, em terra estranha, perdemos um bom tempo procurando a tal saída, entendendo as razões de o nosso informante burlar as leis do trânsito.
Após outras peripécias, decidimos deixar a visita a Faro para nova oportunidade, com mais calma. Por estradas bonitas, bem sinalizadas e conservadas, tomamos novamente o rumo de Sevilha. Lá, encontramos sem dificuldade o hotel reservado e logo nos entregamos à aventura de descobrir este pedaço da Espanha.
Crônica publicada no jornal Diário Popular, de Pelotas, em 30 de maio de 2004, com o nome Impressões de Viagem II
3 comentários:
MARTA,REALMENTE PORTUGAL É UM PAIS ENCANTADOR.
COM TEU RELATO,MINHA IMAGINAÇÃO VOA PARECENDO VIAJAR TAMBÉM.
ABRAÇOS IVONE
Marta!
Estou viajando contigo. Claro que não é uma viagem ao vivo e à cores, mas dá para sentir cada canto que descreves. Fico esperando novos passeios, sem sair de casa, e mesmo porque tenho muito medo de andar em avião, e assim,me permites conhecer lugares lindos,sem medo!
Ruthe
Marta, sabia que o curso de Psicologia da UCPel eliminou Sociologia de seu curriculo? Inacreditável
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