8 de mar. de 2007

Um pouco da Ásia - parte XVIII - História do Sião



Quando Bangkok se tornou a capital do Sião, em 1782, o primeiro passo foi criar locais santificados para os palácios reais e os monastérios budistas. Astrólogos indianos e oficiais de alta patente conferenciaram entre si, para consagrar os locais mais apropriados e auspiciosos, marcando-os com uma pequena pedra. Os mais talentosos arquitetos e artesãos se encarregaram da construção.

Os templos e palácios ao longo do rio Mae Nam Chão Phraya transformaram Bangkok no resplendor e glória do Sião, ainda hoje percebidos pelos visitantes. Um passeio pelo rio, à noite, apreciando os belos monumentos iluminados às suas margens, é algo para jamais esquecer.

Bangkok é situada numa planície, às margens do rio Menam, dividida por ele em duas partes: antiga e moderna. Na margem direita, considerada a mais importante, fica a sede do município.

A parte velha, situada na margem esquerda, possui uma muralha alta e cheia de ameias, e um fosso como proteção no lado oriental, o mais exposto da cidade.

No passado, Bangkok precisou resistir às investidas de Portugal, Holanda, França e Inglaterra, cada um desses países tendo desejado acrescentar o Sião aos seus domínios, em determinada época. Nesse tempo, muito da cidade original foi demolida, com a intenção de abrir novos caminhos para o comércio.

Após o ano de 1900, tendo a cidade prosperado, muitas famílias de ricos comerciantes começaram a enviar seus filhos para estudar na Europa. Estudantes com menor status social, mas que se distinguiam nas escolas, tinham acesso a bolsas de estudo governamentais, também. Dessa forma, os jovens começaram a se politizar.

Em 1924, alguns desses estudantes fundaram, em Paris, o grupo de Promotores das Mudanças Políticas, com a finalidade de discutir as idéias para um futuro governo no Sião, modelado na democracia ocidental.

Após terminar seus estudos e voltar para Bangkok, três desses “promotores”, um advogado e dois oficiais militares, organizaram clandestinamente uma “festa do povo”, dedicada a desbaratar o sistema de governo vigente. A “festa do povo” descobriu um cúmplice no próprio rei, Rama VII, e uma revolução sem sangue, em 1932, transformou o Sião de monarquia absoluta em monarquia constitucional. Dessa forma, Bangkok se tornou o centro nervoso de importantes serviços civis; essa situação, acompanhada pelo sucesso crescente do seu porto, transformou a cidade na meca de todos os que sonhavam com grandes oportunidades econômicas.

Phibul Songkhram, nomeado primeiro ministro, em 1938, trocou o nome do país de Sião para Tailândia e introduziu o calendário solar lunar.
Quando os japoneses invadiram o Sul da Ásia, em 1941, cercando as tropas aliadas na Malásia e em Burma, Phibul permitiu aos primeiros o acesso ao Golfo da Tailândia. As tropas japonesas bombardearam Bangkok e com rapidez a ocuparam, em seu caminho para a fronteira Tailândia- Burma, no objetivo de enfrentar os ingleses em Burma. Em conseqüência disso, a economia tailandesa estagnou.

Phibul renunciou em 1944 e, em 1945, foi exilado no Japão. Bangkok retomou seu rumo para a modernização, mesmo depois que Phibul retornou à Tailândia, em 1948, e assumiu a liderança, através de um golpe militar.

Pelos anos seguintes, pontes foram construídas, canais foram abertos e edifícios foram erguidos.

Novo golpe instalou Thanarat, em 1957, e mais uma vez Phibul se exilou no Japão, onde morreu em 1964.

Entre 1964 e 1973, o país foi governado por militares, que permitiram aos Estados Unidos o estabelecimento de bases militares nas fronteiras da Tailândia, para controlar a campanha americana na Indochina.

Durante esse período, Bangkok ganhou notoriedade como lugar de repouso e recreação para as tropas estrangeiras estacionadas no Sul da Ásia.

Em outubro de 1973, os militares tailandeses brutalmente suprimiram uma manifestação estudantil a favor da democracia. O rei Rama IX, junto com um general, ambos simpatizantes da causa estudantil, recusou-se a participar, forçando os líderes militares a deixarem a Tailândia.

Em 1976, os militares retornaram ao poder. Persistiu a alternância do poder entre civis e militares ainda por alguns anos. Após uma sucessão de golpes militares, uma coalizão civil, democraticamente eleita, assumiu o controle governamental, em 1992, com a renúncia do último ditador.

Em julho de 1997, a moeda nacional entrou em queda vertical e sofreu rude abalo. Bangkok foi a cidade mais afetada, sofrendo desemprego e queda nos rendimentos financeiros.

Dois meses depois do desastre financeiro, o governo tailandês votou nova constituição, a qual garantia, pelo menos na teoria, mais direitos humanos e civis do que jamais houvera na Tailândia. A constituição proporcionou grande alívio à população emocionalmente abatida pela grande crise.

Porém, quando o primeiro ministro falhou em salvar realmente a economia,ele foi forçado a renunciar. Nova eleição trouxe de volta o brilhante primeiro ministro Chuan Leekpai e ele conseguiu controlar a crise razoavelmente bem.

Durante o século XX, Bangkok sofreu surpreendentes transformações, que a transformaram numa impressionante metrópole.

Bangkok é cidade de contrastes, com extremos de riqueza e miséria. O atual rei, também chamado Rama IX, desfruta do reinado mais longo do mundo. Nasceu em 1927, nos Estados Unidos, quando seu pai ainda estudava Medicina na Universidade de Harvard. Fluente em inglês, francês, alemão e tailandês, ele ascendeu ao trono em 1946, sucedendo a seu irmão, morto em virtude de um acidente com arma de fogo.

Os reis não têm poder político, por se tratar de uma monarquia constitucional, mas são venerados pelo povo, porque ajudam muito a população pobre. Por toda a cidade, vêem-se fotos do casal e, principalmente, da rainha, hoje com setenta e dois anos, em diversas fases da vida. As ruas ostentam enormes outdoors com a sua foto quando jovem, num belo e luxuoso vestido. O rei e a rainha possuem quatro filhos.

Seguidamente, os soberanos são vistos percorrendo as ruas da cidade, num Rolls Royce amarelo, acompanhados por membros da guarda real.

Como a família real é muito estimada, comentários negativos em relação a qualquer de seus membros são considerados tabu, tanto social, como legalmente.

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