25 de abr. de 2007

Um pouco da Ásia - parte XXIV- Pequim


Adormeço com a expectativa do dia seguinte, cheia de curiosidade pelo mundo estranho, relembrando algumas informações sobre a China não fornecidas pelo guia chinês, fato compreensível e esperado.

Apesar da abertura econômica, o país permanece uma ditadura, comandada pelo Partido Comunista. Não há partidos de oposição, nem eleições, liberdade de imprensa ou expressão; a internet sofre censura, bem como a programação televisiva. Nos sites de busca, como o Google, palavras e expressões como “direitos humanos”, “democracia”, “genocídio” são vetadas. Prisões sem justificativas e julgamentos sumários são comuns.

Mao Tsé-tung promoveu a Revolução Cultural, que consistia em remover qualquer vestígio da cultura tradicional asiática. Durante o seu governo, o saldo de mortes, como resultado da fome, de trabalhos forçados ou execuções, é calculado em um milhão de pessoas. Inclusive, a tentativa de incrementar o desenvolvimento econômico, através da criação das comunas agrícolas, resultou na morte de 30 milhões de chineses, por fome.

A execução maoísta da luta de classes começou no campo. Após a proclamação da República, em 1949, a Reforma Agrária, que já havia começado no norte, estendeu-se ao sul. Depois de determinar o status social de cada indivíduo, os camponeses foram incentivados a “mostrar o seu ressentimento” aos antigos patrões. Cerca de um milhão de antigos proprietários rurais foram não só despojados de suas terras e possessões como até assassinados.

Mao soube exacerbar os ânimos dos estudantes, incentivando-os à rebelião contra os velhos mestres, muitos dos quais eram seus antigos amigos. A fase mais caótica do movimento revolucionário se estendeu de maio de 1966 até o final de 1967. Apoiados por Mao, os estudantes organizaram unidades da Guarda Vermelha por todo o país, destruindo templos e lugares históricos, invadindo casas de famílias e queimando livros, documentos e obras de arte.

Com a morte de Mao, em 1976, começou a reforma política e econômica, liderada por Deng Xiaoping, a partir de 1978. Como conseqüência, surgiu um extravagante “socialismo de mercado”, mistura de abertura econômica e controle do Estado _ situação que, se nos parece incoerente, aos chineses parece perfeitamente natural.

Outra mostra da incoerência chinesa é o fato de que até os membros do Partido Comunista foram autorizados a ingressar no mundo dos negócios. A China já tem vinte milhões de milionários e mais de dez bilionários; as mulheres chinesas adoram diamantes; os jovens apreciam tudo o que vem do estrangeiro, especialmente dos Estados Unidos.

O número de internautas é estimado em 32 milhões e o país tem cerca de trinta mil censores responsáveis por monitorar sites de busca, blogs e chats de bate-papo.

Ciente dessas informações, é natural que esteja curiosa sobre o mundo que me será apresentado. Mas a curiosidade não atrapalha o prazer de um sono reparador no apartamento 1908 do Chang Na Grand Hotel

Bibliografia: Guias Oceano – CHINA
Revista Terra - janeiro de 2006
Revista Dinheiro – maio de 2004
Jornal Zero Hora – janeiro de 2007

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