Os descobrimentos arqueológicos confirmam a existência de povos primitivos no território chinês há quase um milhão de anos.
As três primeiras dinastias chinesas foram Xia, Shang e Zhou. Alguns historiadores duvidam da existência da primeira, mas escavações realizadas em 1959, em Erlitou, trouxeram à luz palácios que parecem ter pertencido à capital dessa dinastia.
Na dinastia Shang (séculos XVI-XI a.C), os feiticeiros faziam as predições interpretando as marcas nas omoplatas dos animais, após aplicar um ponto quente, e depois escreviam nos próprios ossos as suas conclusões. Em 1899, muitos desses ossos foram encontrados, com caracteres arcaicos, permitindo conhecer a história da época. Soube-se, então, por exemplo, que a elite caçava por esporte e lutava em carros puxados por cavalos, e que os camponeses viviam em casas subterrâneas. O culto aos antepassados já era fomentado e objetos valiosos eram depositados nas tumbas reais, onde também eram feitos sacrifícios de animais e até humanos.
O clã dos Zhou, que haviam sido vassalos dos Shang, enfrentaram e venceram aqueles, estabelecendo o surgimento de nova dinastia, com sistema feudal. A legitimidade do poder era assegurada pela crença do mandato celestial: o direito de governar se baseava na capacidade do governante manter a harmonia entre o céu e a terra, entre ele mesmo e seus funcionários, entre aqueles e o povo.
O estado Qin (221-206 a.C), posicionando-se como o mais poderoso, durante o período dos Estados Combatentes, originou a dinastia Qin, com o primeiro governante da China unificada. Ainda que esses tenham sido tempos de grande desenvolvimento, com a padronização do sistema de pesos e medidas, da moeda e da escrita, bem como a construção de estradas e canais para abastecimento de água, também foram tempos de obscurantismo: foram queimados os arquivos dos estados derrotados e assassinados centenas de intelectuais contrários ao governo.
Uma demonstração do ego exagerado do primeiro imperador da dinastia Qin, Qin Shi Huangdi, foi a descoberta, próximo a Xián, dos sete mil guerreiros em terracota de tamanho natural, construídos para proteger a sua tumba.
Muitas dinastias se sucederam. Durante a dinastia Han (206 a.C-220 d.C), surgiu uma nova classe social, os eunucos, que desempenharam importante papel até 1911. A princípio, sua missão era cuidar as esposas e as concubinas do imperador, mas logo eles extrapolaram em suas funções, convertendo-se em conselheiros e envolvendo-se nas intrigas palacianas e nas lutas pelo poder.
Durante a dinastia Han, estabeleceram-se numerosos contatos com outros países e culturas; desde o século I a.C, os mercadores percorriam a Rota da Seda, intermediando a troca de cavalos e ouro por seda.
Com a abertura da China ao comércio exterior, no ano 65 da nossa era, final do período Han, alguns chineses se converteram ao Budismo, fundado 500 anos antes no Nepal. A principio, a nova religião se chocou com o Confucionismo, mas lentamente se estendeu pelo país. Os sacerdotes budistas pregavam a submissão do povo e ofereciam às classes dominantes consolo por suas perdas e aceitação da sofisticação intelectual e do prazer pelas artes.
A dinastia Tang ( 618 – 907) foi a época áurea da Rota da Seda, em que também aumentou o contato com outros povos e culturas. O afluxo de milhares de pessoas, desejosas de conhecer o Budismo ou interessadas nas oportunidades de comércio e aventura, fizeram com que a capital chinesa, Chang’an, se transformasse em importante metrópole. Entre 600 e 900 d.C, não havia outra cidade no mundo comparável em tamanho e grandeza.
Em 845, o imperador ordenou a repressão dos monastérios budistas. Esses, através da aquisição de enormes latifúndios, isentos de impostos, haviam se tornado poderosos, tendo construído luxuosos templos, habitados por milhares de religiosos.A corte passou a ser responsável pela emissão dos certificados de ordenação dos monges, conseguindo controlar o crescimento do budismo.
Embora fosse costumeira a concessão de cargos aos funcionários através do favoritismo, na dinastia Song ( 960 – 1279) foram implantados os concursos. Contudo, a situação não melhorou muito: em teoria, qualquer homem podia se apresentar para os concursos, mas na realidade só as famílias ricas possuíam tutores para ensinar aos filhos, o que continuava favorecendo as diferenças sociais.
O papel havia sido inventado no século I ou II a.C., durante a dinastia Tang, mas foi a dinastia Song a primeira a utilizar a impressão de livros, promovendo enorme avanço cultural. Sem sucesso, o governo tentou controlar a imprensa. Com a maior facilidade para a divulgação das idéias, a oposição ao funcionalismo imperial foi exacerbada, incomodando à classe social alta, até o seu extermínio, em 1905.
Nessa época, a China se tornou a primeira potência naval, com barcos que podiam transportar até 500 homens.
A expansão do sistema educativo reavivou o estudo do confucionismo e, sob a influência do budismo, deu nova interpretação à doutrina, de forma a enfocar o cultivo da personalidade. O confucionismo foi doutrina política, religião e código de ética oficial do império chinês de 136 a.C até 1912,quando Mao Tse Tung ordenou “revisar” e criticar o confucionismo até retirá-lo da China.
A dinastia Yuan (1279-1368) foi estabelecida pelos descendentes do líder mongol Gengis Kan, que havia conquistado a maior parte da Ásia. Seu neto, Kublai Kan, reinou na China desde 1271 a 1294. Logo foi criado um sistema de administração militar em que os cargos burocráticos mais importantes foram ocupados por funcionários mongóis ou por seus aliados não chineses, poucos chineses ocupando postos relevantes, e ainda assim só em áreas culturais.
Contudo, novamente houve progressos, como o incremento da Rota da Seda e a reparação do Grande Canal entre o norte e o sul da China, a fim de possibilitar o transporte dos cereais plantados no sul até a nova capital, Pequim. O Grande Canal é a maior via fluvial artificial do mundo, com 1.794 km. Começou a ser aberto no século 5 a.C.
O primeiro relato da presença européia na China se refere a esse período, sendo efetuado por mercadores do norte da Europa à corte de Kublai Kan, em 1261.
Marco Pólo _ cuja estada na China é questionada por alguns historiadores, inclusive pelo fato de nunca haver mencionado a Grande Muralha _ tendo sido amigo de Kublai Kan e permanecendo na China por 17 anos, relatou os acontecimentos dessa época: com Kublai, houve o ressurgimento da cultura e do progresso. Instituiu os Correios Imperiais, que chegavam aos confins do império, e estabeleceu o papel moeda – sistema abandonado em princípios do séc. XIV pela exagerada fabricação dos mesmos por parte dos mongóis.
Após um grande período de lutas internas, os chineses conseguiram retomar o poder e iniciou a dinastia Ming (1368-1644). Durante essa, chegaram os portugueses, e com eles os missionários cristãos, estendendo-se o cristianismo por todo o país. Os portugueses fundaram grandes armazéns em Macau, mais tarde transformados em colônia, como segue até hoje.
Embora condenassem o budismo, os jesuítas aceitavam o confucionismo, com restrições. Aos chineses, interessavam os conhecimentos dos jesuítas sobre astronomia, cartografia, relojoaria e outras ciências.
Na dinastia Ming, sob o comando do imperador Yongle, foram realizadas proveitosas expedições marítimas ao Golfe Pérsico, Sudeste Asiático e à Costa Oriental da África, principalmente com o objetivo diplomático de garantir a supremacia chinesa. A excelente estratégia de outorgar concessões aos Estados tributários e promover ajuda estatal ao comércio exterior cessou logo após a morte de Yongle, causando o desmantelamento das grandes frotas chinesas, maiores que as européias.
No final da dinastia Ming, além de as lutas contra os mongóis se avolumarem, também a Grande Muralha precisou ser reforçada, para proteção contra os povos nômades. A esse tempo, as intrigas palacianas elaboradas pelos eunucos atingiram o ápice, atrapalhando inclusive a política exterior.
Enquanto as dinastias se sucediam, incapazes de tirar o povo chinês da miséria, em contraste com o luxo dos imperadores, crescia o descontentamento. Aproveitando-se da situação, os manchús invadiram a China em 1644, conquistando Pequim. Começava a dinastia Qing (1644-1912).
Embora tumultuada por muitos conflitos políticos, foram promovidos grandes avanços nessa dinastia, tanto sociais como econômicos, além da introdução do ferro, circulação da moeda, início da privatização da terra, expansão das cidades e ruptura das barreiras entre as classes sociais.
Confúcio e seus seguidores, Mencio e Xunzi, foram os grandes pensadores dessa época, enfatizando a responsabilidade moral do governante com o povo. Confúcio ocupou diversos cargos oficiais, viajou muito, visitando ilustres personagens e, em seu regresso, recebeu inúmeros visitantes, dessa forma difundindo a sua doutrina. Seu contemporâneo foi Lao Tse, fundador do taoísmo, com quem mantinha animadas discussões.
Os manchús, embora estrangeiros, tiveram o cuidado de não romper as leis nacionais, ao contrário do que ocorrera no período mongol. Indo além, adotaram a estrutura do confucionismo para garantir sua estabilidade política, ao mesmo tempo permitindo a ascensão a cargos importantes tanto de manchús como de chineses.
Durante a dinastia Qing, a China teve grandes desentendimentos com as potências européias, principalmente a Inglaterra, alguns dos quais resultaram na Guerra do Ópio, em que a China acabou por ceder Hong Kong à Inglaterra, entre vários outros acordos. Ao mesmo tempo em que ocorriam esses desentendimentos, crescia a revolta generalizada no meio rural, vitimando milhões de pessoas, nas lutas internas.
Os jesuítas, embora tivessem resistido à transição da dinastia Ming à Qing, tinham oposição em toda a Europa. Invejosos do seu poder, outros missionários católicos pediram ao Vaticano a retirada dos jesuítas da China, sob o argumento de que a aceitação dos ritos de culto aos antepassados não combinava com a fé cristã.
Pressionado pelas nações européias, que não aceitavam a concepção chinesa do mundo, o governo Qing se viu obrigado a enviar delegações oficiais para estudar as constituições da Inglaterra, França, Alemanha, Estados Unidos e Japão.
Mas o povo se articulava às pressas, preparando a revolução. Ativistas anti-Qing surgiram de todo lado, unindo-se: sociedades secretas, militares descontentes, líderes do governo e provinciais, intelectuais divergiam entre estabelecer a monarquia constitucional ou promover a revolução.
Em 1912, o imperador Puyi, que havia subido ao trono por ocasião da morte de Cixi, em 1908, foi obrigado a abdicar. O Governo dos Filhos do Céu no Trono do dragão chegou ao fim, após 4.000 anos de sucessivas dinastias. Estava criada a República da China. Puyi continuou no Palácio Imperial até 1924.
A história da China é tão fascinante, que talvez tenha me estendido demais, com detalhes que seriam mais próprios num livro de pesquisa histórica. Contudo, espero que alguém se distraia, lendo-os, da mesma forma que me distraí, pesquisando e escrevendo.
Bibliografia: Guias Oceano – CHINA
Revista Terra - janeiro de 2006
Revista Dinheiro – maio de 2004
Jornal Zero Hora – janeiro de 2007
Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa
As três primeiras dinastias chinesas foram Xia, Shang e Zhou. Alguns historiadores duvidam da existência da primeira, mas escavações realizadas em 1959, em Erlitou, trouxeram à luz palácios que parecem ter pertencido à capital dessa dinastia.
Na dinastia Shang (séculos XVI-XI a.C), os feiticeiros faziam as predições interpretando as marcas nas omoplatas dos animais, após aplicar um ponto quente, e depois escreviam nos próprios ossos as suas conclusões. Em 1899, muitos desses ossos foram encontrados, com caracteres arcaicos, permitindo conhecer a história da época. Soube-se, então, por exemplo, que a elite caçava por esporte e lutava em carros puxados por cavalos, e que os camponeses viviam em casas subterrâneas. O culto aos antepassados já era fomentado e objetos valiosos eram depositados nas tumbas reais, onde também eram feitos sacrifícios de animais e até humanos.
O clã dos Zhou, que haviam sido vassalos dos Shang, enfrentaram e venceram aqueles, estabelecendo o surgimento de nova dinastia, com sistema feudal. A legitimidade do poder era assegurada pela crença do mandato celestial: o direito de governar se baseava na capacidade do governante manter a harmonia entre o céu e a terra, entre ele mesmo e seus funcionários, entre aqueles e o povo.
O estado Qin (221-206 a.C), posicionando-se como o mais poderoso, durante o período dos Estados Combatentes, originou a dinastia Qin, com o primeiro governante da China unificada. Ainda que esses tenham sido tempos de grande desenvolvimento, com a padronização do sistema de pesos e medidas, da moeda e da escrita, bem como a construção de estradas e canais para abastecimento de água, também foram tempos de obscurantismo: foram queimados os arquivos dos estados derrotados e assassinados centenas de intelectuais contrários ao governo.
Uma demonstração do ego exagerado do primeiro imperador da dinastia Qin, Qin Shi Huangdi, foi a descoberta, próximo a Xián, dos sete mil guerreiros em terracota de tamanho natural, construídos para proteger a sua tumba.
Muitas dinastias se sucederam. Durante a dinastia Han (206 a.C-220 d.C), surgiu uma nova classe social, os eunucos, que desempenharam importante papel até 1911. A princípio, sua missão era cuidar as esposas e as concubinas do imperador, mas logo eles extrapolaram em suas funções, convertendo-se em conselheiros e envolvendo-se nas intrigas palacianas e nas lutas pelo poder.
Durante a dinastia Han, estabeleceram-se numerosos contatos com outros países e culturas; desde o século I a.C, os mercadores percorriam a Rota da Seda, intermediando a troca de cavalos e ouro por seda.
Com a abertura da China ao comércio exterior, no ano 65 da nossa era, final do período Han, alguns chineses se converteram ao Budismo, fundado 500 anos antes no Nepal. A principio, a nova religião se chocou com o Confucionismo, mas lentamente se estendeu pelo país. Os sacerdotes budistas pregavam a submissão do povo e ofereciam às classes dominantes consolo por suas perdas e aceitação da sofisticação intelectual e do prazer pelas artes.
A dinastia Tang ( 618 – 907) foi a época áurea da Rota da Seda, em que também aumentou o contato com outros povos e culturas. O afluxo de milhares de pessoas, desejosas de conhecer o Budismo ou interessadas nas oportunidades de comércio e aventura, fizeram com que a capital chinesa, Chang’an, se transformasse em importante metrópole. Entre 600 e 900 d.C, não havia outra cidade no mundo comparável em tamanho e grandeza.
Em 845, o imperador ordenou a repressão dos monastérios budistas. Esses, através da aquisição de enormes latifúndios, isentos de impostos, haviam se tornado poderosos, tendo construído luxuosos templos, habitados por milhares de religiosos.A corte passou a ser responsável pela emissão dos certificados de ordenação dos monges, conseguindo controlar o crescimento do budismo.
Embora fosse costumeira a concessão de cargos aos funcionários através do favoritismo, na dinastia Song ( 960 – 1279) foram implantados os concursos. Contudo, a situação não melhorou muito: em teoria, qualquer homem podia se apresentar para os concursos, mas na realidade só as famílias ricas possuíam tutores para ensinar aos filhos, o que continuava favorecendo as diferenças sociais.
O papel havia sido inventado no século I ou II a.C., durante a dinastia Tang, mas foi a dinastia Song a primeira a utilizar a impressão de livros, promovendo enorme avanço cultural. Sem sucesso, o governo tentou controlar a imprensa. Com a maior facilidade para a divulgação das idéias, a oposição ao funcionalismo imperial foi exacerbada, incomodando à classe social alta, até o seu extermínio, em 1905.
Nessa época, a China se tornou a primeira potência naval, com barcos que podiam transportar até 500 homens.
A expansão do sistema educativo reavivou o estudo do confucionismo e, sob a influência do budismo, deu nova interpretação à doutrina, de forma a enfocar o cultivo da personalidade. O confucionismo foi doutrina política, religião e código de ética oficial do império chinês de 136 a.C até 1912,quando Mao Tse Tung ordenou “revisar” e criticar o confucionismo até retirá-lo da China.
A dinastia Yuan (1279-1368) foi estabelecida pelos descendentes do líder mongol Gengis Kan, que havia conquistado a maior parte da Ásia. Seu neto, Kublai Kan, reinou na China desde 1271 a 1294. Logo foi criado um sistema de administração militar em que os cargos burocráticos mais importantes foram ocupados por funcionários mongóis ou por seus aliados não chineses, poucos chineses ocupando postos relevantes, e ainda assim só em áreas culturais.
Contudo, novamente houve progressos, como o incremento da Rota da Seda e a reparação do Grande Canal entre o norte e o sul da China, a fim de possibilitar o transporte dos cereais plantados no sul até a nova capital, Pequim. O Grande Canal é a maior via fluvial artificial do mundo, com 1.794 km. Começou a ser aberto no século 5 a.C.
O primeiro relato da presença européia na China se refere a esse período, sendo efetuado por mercadores do norte da Europa à corte de Kublai Kan, em 1261.
Marco Pólo _ cuja estada na China é questionada por alguns historiadores, inclusive pelo fato de nunca haver mencionado a Grande Muralha _ tendo sido amigo de Kublai Kan e permanecendo na China por 17 anos, relatou os acontecimentos dessa época: com Kublai, houve o ressurgimento da cultura e do progresso. Instituiu os Correios Imperiais, que chegavam aos confins do império, e estabeleceu o papel moeda – sistema abandonado em princípios do séc. XIV pela exagerada fabricação dos mesmos por parte dos mongóis.
Após um grande período de lutas internas, os chineses conseguiram retomar o poder e iniciou a dinastia Ming (1368-1644). Durante essa, chegaram os portugueses, e com eles os missionários cristãos, estendendo-se o cristianismo por todo o país. Os portugueses fundaram grandes armazéns em Macau, mais tarde transformados em colônia, como segue até hoje.
Embora condenassem o budismo, os jesuítas aceitavam o confucionismo, com restrições. Aos chineses, interessavam os conhecimentos dos jesuítas sobre astronomia, cartografia, relojoaria e outras ciências.
Na dinastia Ming, sob o comando do imperador Yongle, foram realizadas proveitosas expedições marítimas ao Golfe Pérsico, Sudeste Asiático e à Costa Oriental da África, principalmente com o objetivo diplomático de garantir a supremacia chinesa. A excelente estratégia de outorgar concessões aos Estados tributários e promover ajuda estatal ao comércio exterior cessou logo após a morte de Yongle, causando o desmantelamento das grandes frotas chinesas, maiores que as européias.
No final da dinastia Ming, além de as lutas contra os mongóis se avolumarem, também a Grande Muralha precisou ser reforçada, para proteção contra os povos nômades. A esse tempo, as intrigas palacianas elaboradas pelos eunucos atingiram o ápice, atrapalhando inclusive a política exterior.
Enquanto as dinastias se sucediam, incapazes de tirar o povo chinês da miséria, em contraste com o luxo dos imperadores, crescia o descontentamento. Aproveitando-se da situação, os manchús invadiram a China em 1644, conquistando Pequim. Começava a dinastia Qing (1644-1912).
Embora tumultuada por muitos conflitos políticos, foram promovidos grandes avanços nessa dinastia, tanto sociais como econômicos, além da introdução do ferro, circulação da moeda, início da privatização da terra, expansão das cidades e ruptura das barreiras entre as classes sociais.
Confúcio e seus seguidores, Mencio e Xunzi, foram os grandes pensadores dessa época, enfatizando a responsabilidade moral do governante com o povo. Confúcio ocupou diversos cargos oficiais, viajou muito, visitando ilustres personagens e, em seu regresso, recebeu inúmeros visitantes, dessa forma difundindo a sua doutrina. Seu contemporâneo foi Lao Tse, fundador do taoísmo, com quem mantinha animadas discussões.
Os manchús, embora estrangeiros, tiveram o cuidado de não romper as leis nacionais, ao contrário do que ocorrera no período mongol. Indo além, adotaram a estrutura do confucionismo para garantir sua estabilidade política, ao mesmo tempo permitindo a ascensão a cargos importantes tanto de manchús como de chineses.
Durante a dinastia Qing, a China teve grandes desentendimentos com as potências européias, principalmente a Inglaterra, alguns dos quais resultaram na Guerra do Ópio, em que a China acabou por ceder Hong Kong à Inglaterra, entre vários outros acordos. Ao mesmo tempo em que ocorriam esses desentendimentos, crescia a revolta generalizada no meio rural, vitimando milhões de pessoas, nas lutas internas.
Os jesuítas, embora tivessem resistido à transição da dinastia Ming à Qing, tinham oposição em toda a Europa. Invejosos do seu poder, outros missionários católicos pediram ao Vaticano a retirada dos jesuítas da China, sob o argumento de que a aceitação dos ritos de culto aos antepassados não combinava com a fé cristã.
Pressionado pelas nações européias, que não aceitavam a concepção chinesa do mundo, o governo Qing se viu obrigado a enviar delegações oficiais para estudar as constituições da Inglaterra, França, Alemanha, Estados Unidos e Japão.
Mas o povo se articulava às pressas, preparando a revolução. Ativistas anti-Qing surgiram de todo lado, unindo-se: sociedades secretas, militares descontentes, líderes do governo e provinciais, intelectuais divergiam entre estabelecer a monarquia constitucional ou promover a revolução.
Em 1912, o imperador Puyi, que havia subido ao trono por ocasião da morte de Cixi, em 1908, foi obrigado a abdicar. O Governo dos Filhos do Céu no Trono do dragão chegou ao fim, após 4.000 anos de sucessivas dinastias. Estava criada a República da China. Puyi continuou no Palácio Imperial até 1924.
A história da China é tão fascinante, que talvez tenha me estendido demais, com detalhes que seriam mais próprios num livro de pesquisa histórica. Contudo, espero que alguém se distraia, lendo-os, da mesma forma que me distraí, pesquisando e escrevendo.
Bibliografia: Guias Oceano – CHINA
Revista Terra - janeiro de 2006
Revista Dinheiro – maio de 2004
Jornal Zero Hora – janeiro de 2007
Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa
3 comentários:
MARTA, RECEBE OS MEUS MAIORES CUMPRIMENTOS. Adorei ler a história desta nação tão importante e que talvez venha a conquistar o mundo num futuro não muito longínquo. O valor de tua pesquisa é enorme e muito interessante. Parabens, pretendo ler muitas vezes para conseguir aprender e depois poder conversar com esta amiga que está ficando cada dia mais culta. Se resolveres algum dia dar algum curso, estarei presente. Um beijão
Marta!
Não canso de ler trabalhos sobre a China -nunca é demais!
Realmente um povo muito sofrido, mas sua cultura e tradições foram, são e serão, para o todo sempre, fascinantes!
Mil beijos
bando de inutio que nao tem oque faze
Postar um comentário