O livro “ACTAS, A CLASSE RURAL RESGATANDO A SUA HISTÓRIA”, da editora TEXTOS, lançado durante as comemorações dos 110 anos da Associação Rural de Pelotas, leva à reflexão sobre a realidade da região e do país. Porque, se grande parte das idéias foi posta em prática, outras _ como a proposta de integração do transporte rodoviário, fluvial e ferroviário _ foram até hoje desprezadas, deixando dúvidas sobre o tamanho do estrago que a sua não concretização proporcionou a esta região.
Toda história tem seu começo. Essa começou de forma despretensiosa, como em geral as histórias começam, sem que seus personagens pudessem imaginar a importância daquele momento, desencadeador de um processo histórico. Começou em 1898, quando um grupo de professores da Imperial Escola de Medicina Veterinária e Agricultura Practica – hoje Escola de Agronomia Eliseu Maciel _ lançou a Revista Agrícola do Rio Grande do Sul, publicação voltada ao meio rural.
O sucesso daquela iniciativa ocasionou a fundação, ainda em 1898, da Sociedade Agrícola Pastoril do Rio Grande do Sul, mais tarde designada Associação Rural de Pelotas.
Ao completar dez anos de existência, tendo a participação de ilustres figuras do meio rural e político do estado, a Sociedade Agrícola realizou o Primeiro Congresso Agrícola do RS, de 10 a 21 de outubro de 1908, no Salão Nobre da Biblioteca Pública Pelotense, onde foram apresentadas diversas teses para o desenvolvimento da economia gaúcha.
Neste ano de 2008, ao completar cento e dez anos de atividade ininterrupta, a Associação Rural de Pelotas, através da iniciativa dos ex-presidentes Darcy Trilho Ottero e Elmar Carlos Hadler, presenteia a sociedade brasileira com o livro ACTAS, exatamente no centenário do primeiro congresso agrícola do RS.
Em edição primorosa, extremo cuidado na manutenção do conteúdo histórico e nos comentários atualizados sobre cada tese, apresentados por capacitados estudiosos do meio rural, o livro ACTAS é do tipo que não se consegue largar antes de completada a leitura.
Mas o mais interessante é a oportunidade de conhecer, ainda que em parte, o pensamento inovador do início do século XX, pela preocupação com o indivíduo e o desenvolvimento do meio, preservação do solo e melhoria genética dos rebanhos, inclusive com sugestões para enriquecimento do currículo escolar das crianças e jovens, a fim de desenvolver o amor à terra. Homens de visão, já então haviam percebido o que recém agora fomos forçados a entender: cidade e campo não podem, dissociados, puxar cada um para o seu lado, como se um não dependesse do outro e separados pudessem sobreviver.
Entre as teses apresentadas, também chama a atenção a de incentivo à industrialização do adubo, quando _ como bem lembra a comentarista do Grupo RBS, Ana Amélia Lemos, responsável pela apresentação do livro _ na safra recém preparada, as queixas giram ainda em torno da dependência do Brasil à importação de fertilizantes, fator responsável pelo descontrole dos preços no mercado internacional.
Da mesma forma, “continua atualíssima” a necessidade do fortalecimento político da classe rural, através da união dos produtores, engajados nas entidades de classe.
A releitura da história nos traz aos tempos de hoje. Como os de ontem, inúmeros homens e mulheres da atualidade possuem idealismo e capacidade de empreender. Se lhes dermos apoio e fortalecermos com a nossa confiança, juntos escreveremos as páginas que alguém lerá, com admiração, no futuro.
Um comentário:
Vai estar disponível na Feira do Livro de Pelotas?
Acho que meu pai adoraria ler! (E eu também!)
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