Suas crônicas mostram intimidade com a terra e a vida no campo, na simplicidade com que trata temas espinhosos como relações humanas, amor, ciúme, inveja, dor e morte.
24 de jan. de 2009
Puerto Madryn - Cruzeiro pela Terra do Fogo e pela Patagônia
No quarto dia rumo ao extremo sul da América do Sul, às 9h da manhã, o navio aportou em Puerto Madryn. A maioria dos passageiros comprou os pacotes oferecidos pelo navio, com excursões para ver os leões e os elefantes marinhos, os pinguins e as orcas. Alguns passeios têm duração de sete horas, em virtude das longas distâncias até as áreas preservadas, o que nos faz desistir, já no primeiro momento.
Preferimos acertar o aluguel de uma van, no centro da cidade, para ir a Punta Loma, onde teremos a oportunidade de ver os lobos marinhos. Um ônibus nos leva do porto até o centro. Pelo fato de sermos oito, acertamos o passeio por U$15 por pessoa, após alguma negociação.
Estamos no verão e a temperatura é amena. No inverno, chega a dez e quinze graus abaixo de zero. Por isso, todas as casas têm calefação. O solo é pobre e seco, com a apropriada vegetação rasteira e arbustiva; chove entre 180 a 200 mm anuais; as árvores são todas plantadas. A maior parte das flores é amarela, porque essa cor tem maior capacidade de reter o calor.
Fundada em 1865 pelos 150 passageiros da embarcação Mimosa, Puerto Madryn está situada em uma enseada protegida no Golfo Novo, lugar ermo, que os participantes da primeira expedição galesa à Argentina consideraram o ideal para a preservação dos seus costumes.
Em 1886, com a construção da linha ferroviária entre Madryn e Trelew, a cidade teve impulso em seu crescimento, inclusive com a criação de indústrias têxteis, protegidas pela isenção de impostos aduaneiros. Mais tarde, em virtude do cancelamento dessa isenção, por parte do governo argentino, os investidores se retiraram de Puerto Madryn. Atualmente, a cidade, com população de cerca de 60.000 habitantes, tem sua economia favorecida pela abertura de uma indústria de alumínio, com a bauxita purificada importada do Brasil e da Austrália. Em 1999, a península Valdés foi declarada Patrimônio Natural do mundo, devido à preservação turística ambiental.
Junto com o nosso navio, aportou outro da Norwegian Cruise Lines, também carregado de turistas. Em média, aporta um navio por dia, em Puerto Madryn. Além do turismo marítimo, a cidade recebe viajantes chegados por terra e pelo ar. A estrutura turística, contudo, não corresponde ao movimento. Na reserva de Punta Loma, por exemplo, os diversos ônibus e vans turísticas encontram apenas sanitários, nenhum local onde comprar água _ situação informada pelo serviço do navio, o que nos levou a trazer duas maças, por prevenção.
Os lobos marinhos estão agrupados, na praia. Não são em grande número, nesta reserva. Cada macho possui cerca de 12 fêmeas, o que lhes proporciona uma distração adicional: constantes brigas, para defesa do seu harém.
Os leões ou lobos marinhos são mamíferos bastante frequentes no território fueguino. A abundância e a qualidade da pele despertou o interesse dos caçadores europeus e norteamericanos, nos séculos XVIII e XIX, o que quase ocasionou o extermínio, principalmente do Lobo Fino Austral. Atualmente, pela maior conscientização ecológica, há o cuidado na preservação, através da manutenção das reservas.
No retorno à cidade, procuramos um restaurante, com o intuito de provar o cordeiro patagônico. Infelizmente, o cordeiro necessita de oito horas de preparo e só é oferecido ao jantar. Assim, ficamos no prejuízo, pois o navio partirá às 19 horas. Mas foi interessante conhecer realidade tão diferente da nossa.
Retornamos ao Celebrity, onde nos esperam muitas opções de alimentos, nas várias dependências do restaurante informal.
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