5 de fev. de 2009

Cabo Horn - Cruzeiro pela Terra do Fogo e pela Patagônia


O Cabo Horn, situado na parte chilena da Terra do Fogo, é o limite extremo do continente sul-americano. Abaixo do Cabo Horn, no mapa, só a imensidão do oceano e a Antártica.

O explorador Fernando de Magalhães foi o responsável pelo nome dado a esta região, chamando-a Terra do Fumo, ao perceber a fumaça que saía das fogueiras indígenas. O imperador Carlos V considerou que Terra do Fogo soava mais poética e assim a batizou.

Dobrar o Cabo Horn sempre assustou aos marinheiros, tanto pelas tormentas freqüentes como pelo frio e a sensação de estar a um passo do desconhecido. Ainda hoje, as ilhas da Terra do Fogo representam as últimas regiões selvagens sobre a superfície terrestre.

O navio em que viajamos, neste cruzeiro marítimo pela Patagônia e pela Terra do Fogo, partiu de Buenos Ayres, foi a Montevideo, depois começou a descer, primeiro aportando em Puerto Madryn, na Argentina, e logo chegando às Ilhas Falkland. No oitavo dia de viagem, chegamos ao Cabo Horn. A tecnologia moderna acabou com o mistério e tornou a passagem segura, mas não desfez o encantamento.



O Celebrity Infinity se acerca da ilha, vagaroso, possibilitando mil fotos aos fascinados turistas. Sobre a montanha, vemos o farol, algumas minúsculas construções e a bandeira chilena. No deck 10, onde se localiza o restaurante informal, com seus inúmeros recantos, saboreamos deliciosos sanduíches, croissants e massinhas cobertas com cremes coloridos, trocando idéias, na intenção de aprimorar os conhecimentos.

Não faltaram distrações a bordo, nos dias passados em alto-mar, entre um porto e outro. Baleias foram avistadas e golfinhos acompanharam o transatlântico, por certo tempo, distraindo-nos com as suas travessuras. Mas o melhor são as aulas de geografia e história, tão diferentes das recebidas nos bancos escolares, porque saboreadas in loco. Curiosos, esmiuçamos os mapas, falhos em detalhes, com um interesse que nenhum professor conseguiu despertar.

Há muitas versões sobre a descoberta do Cabo Horn. A única comprovada, segundo os folhetos fornecidos pelo Celebrity, se refere a Isaac Le Maire, próspero comerciante holandês, que obteve da Companhia das Índias Orientais a licença para comercializar no Pacífico.

Maire acreditava na existência de uma passagem do Atlântico ao Pacífico, através do Estreito de Magalhães. Com dois barcos e marinheiros experientes, organizou uma expedição, com a finalidade de encontrar o ouro do Pacífico. A viagem, iniciada em maio de 1615, não foi fácil, mas os dois barcos alcançaram as costas da Patagônia argentina. Durante a travessia para o Pacífico, um dos barcos foi destruído pelo fogo e o outro continuou. Oito meses após a saída da Inglaterra, encontraram uma nova rota ao sul do Estreito de Magalhães, atualmente conhecida como Estreito de Maire. Seguindo viagem, o barco alcançou a sonhada ponta do continente americano e chegou ao Pacífico, em 29 de janeiro de 1616. Chamaram Cabo Horn ao estreito antártico que conecta o Oceano Atlântico com o Oceano Pacífico, a 600 milhas náuticas da Antártica.

O Celebrity permanece por duas horas em frente à ilha. Esperávamos águas tumultuadas e pelo menos algum balanço, mas o enorme transatlântico se mantém sereno. Temido pelos iatistas, em razão dos fortes ventos que aqui costumam soprar, o Cabo Horn é desafio para os intrépidos. Admirados, vemos um pequeno veleiro a medir forças com ele, agitadas as velas.



Os dias são grandes, nesta época do ano. Amanheceu às 5h e anoitece às 22h. Ao jantar, sentimos leve balanço e as pessoas caminham com cuidado, para não baterem umas nas outras. Seguimos viagem rumo a Ushuaia.

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