Sob este título, li uma crônica de Roberto Pompeu de Toledo, na revista Veja. Embora a classificação “dos bons” soe tendenciosa, pelo critério utilizado de que os bons são os que pensam como o autor, a crônica _ como sempre_ é primorosa, pelo estilo peculiar de ir ao alvo, sem medo.
Pois justamente disso fala Pompeu de Toledo: do medo de se manifestar que assalta a maioria, quando um posicionamento firme poderia fazer a diferença. Ali, o assunto era a política e o silencio dos outros senadores e deputados, ao serem alguns acusados pelo senador Jarbas Vasconcelos de corruptos e aproveitadores. Foi triste o silêncio dos políticos, num momento em que deveriam ter feito coro, emprestando força às declarações do senador. A falta de coro enfraqueceu a posição de Jarbas Vasconcelos e, pior que isso, a esperança de mudança. Os podres avançam à proporção em que os bons recuam, concluiu o cronista, pesaroso.
Pois, logo em seguida, ao contrário, sobre o caso de excomunhão dos médicos responsáveis pelo aborto da menina brasileira estuprada pelo padrasto e com gestação de gêmeos, aos nove anos de idade, em entrevista publicada no jornal Folha de São Paulo, o oncologista Dr. Dráuzio Varella se posicionou, com firmeza. Não se omitiu, temeroso, protegendo as costas.
Abriu a boca e falou, dando força aos médicos que fizeram o que acharam que deviam fazer, também eles com coragem para assumir a posição que julgaram correta. Porque é disso que se trata: da coragem de cada um assumir as suas posições.
Mas o que haverá por trás de cada um que se cala? Que rabo preso é esse? _ temos o direito de perguntar, a cada vez que o silêncio “dos bons” impede o andamento natural de qualquer processo.
Quanto há de covardia ou conivência em cada um que finge não ver o que acontece ao seu lado, como fez a mãe da menina violentada pelo padrasto, junto com a irmã, por anos a fio?
Em outro patamar de violência, mas da mesma forma inadmissível, quanto haverá de covardia ou conivência em cada político que se cala, cego e surdo às falcatruas que junto a si se perpetuam?
E cada um de nós, quanta covardia alberga e por quais conveniências se cala ou prefere não entender?
Um comentário:
Marta
Nota-se que as seguintes características se aplicam a muitos políticos e administradores de hoje:
É mais cômodo ficar em cima do muro, pois ninguém cobra eficiência...
Só não erra quem nada faz...
Cortezia com o Chapéu dos outros...
Gosto dos teus escritos onde se notam a coragem em falar as coisa e bom senso no escolher o que dizer.
Simeão
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