Acabei de ler o primeiro livro de Barack Obama, A ORIGEM DOS MEUS SONHOS. Entre os três publicados, este tem a peculiaridade de ter sido escrito antes do ingresso na carreira política, quando ainda muito jovem.
Como ele mesmo confessa, no prefacio, acrescentado nessa segunda edição, hoje teria abreviado no mínimo cinqüenta páginas, por ter se estendido além do necessário em certos trechos. Também diz que, hoje, teria maior cuidado ao externar as suas opiniões. Quer dizer, na condição de adulto e político, aprendeu a se policiar mais. Mas justamente na total sinceridade reside o encanto e a importância deste primeiro livro, leitura aconselhável a todos os que, às vezes, se sentem desanimar, maltratados pela vida.
A certa altura, falando com outro jovem, que se queixava do pai, ele diz: “Pelo menos, ele estava lá”. Filho de mãe branca, norte-americana, e de pai negro, do Quênia, que pouco conheceu, Obama sofreu diferentes influências na sua formação, aprendendo a se adaptar às circunstâncias.
Viveu com a mãe e os avós maternos no Havaí, depois com a mãe e o padrasto na Indonésia, aceitando trocas de endereços e culturas com naturalidade e curiosidade, mais interessado em entender e aprender que em se queixar. Conviveu com o pai por poucas semanas, considerando, ao final, que teria preferido ficar com a imagem idealizada que fizera parte da sua infância.
Em sua autobiografia, Obama externa a busca pelas raízes africanas, na crença de que lá encontraria respostas para todas as perguntas. Dedicou a essa busca o seu primeiro livro, sem imaginar que, pouco tempo após a publicação, sua mãe também morreria.
No prefácio da segunda edição, com a sinceridade que parece caracterizá-lo, Obama confessa ter compreendido, tardiamente, que a mãe é que merecia a dedicatória, por ter sido a presença constante, a incentivadora, estabelecendo objetivos e propiciando oportunidades.
Também com surpreendente sinceridade, aborda a questão racial em seu país. “Em muitas regiões do Sul, meu pai poderia ter sido enforcado em uma árvore, só por olhar para minha mãe”_ observa,considerando que somente em 1967, quando tinha seis anos, a suprema Corte dos Estados Unidos declarou contrário à Constituição o estatuto do estado da Virgínia que proibia o casamento inter-racial.
Em outra passagem, Obama fala sobre o seu primeiro contato com o poder, quando compreendeu a impotência dos desprotegidos da sorte. Em toda a narrativa, percebe-se a empatia com os menos favorecidos, o questionamento, o desenvolvimento da coragem para defender as suas idéias.
Pois é este homem, que ora se aceita como negro, ora se classifica como mulato, que hoje ocupa o posto de presidente dos Estados Unidos da América. Em sua infância e juventude, sua mãe utilizou imagens de negros de destaque, idôneos, vencedores, para estabelecer ideais de comportamento. Hoje ele talvez seja o homem mais poderoso do mundo, guardião das esperanças de milhões. Coragem e paz a Barack Obama.
Um comentário:
Que Deus proteja e continue abençoando este magnífico ser humano.Espero que ele seja um verdadeiro exemplo, para este mundo conturbado e tão, imensamente, corrupto.
Perfeita tua crônica!
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