2 de mai. de 2009

Esse lugar é meu

A United Airlines, terceira maior companhia aérea americana, estabeleceu, recentemente, o critério de pedir às pessoas obesas que comprem dois assentos, quando viajarem na classe turística. A medida foi motivada pelas inúmeras reclamações dos outros passageiros, desgostosos por serem comprimidos em suas poltronas: cerca de 700 reclamações, só em 2008.

De acordo com o Centro de Prevenção e Doenças dos Estados Unidos, mais de um terço da população adulta americana e 16% das crianças e adolescentes são obesos, grande parte acima de 150 quilos.

O custo adicional pela compra do segundo assento só será aplicado se o avião estiver cheio, conforme a nova norma. Como os obesos conseguirão o segundo assento, caso o avião esteja lotado, não foi explicado. Ou os obesos precisam ser sempre precavidos e jamais adquirir o último assento, situação em que seria impossível conseguir dois? Viagens emergenciais, portanto, nem pensar.

A divulgação da nova norma desencadeou quase duzentos comentários no site onde a li, divididos entre a indignação contra os gordos e a fúria dos próprios, ameaçando ações por danos morais, caso lhes seja cobrada a segunda passagem. Aqui e ali, algum comentário de bom senso, alguém tentando ver os dois lados da questão. No todo, o inusitado de, numa população como a brasileira, onde a maioria luta contra a balança, a falta de solidariedade e a discriminação escancarada dos comentários.
De repente, nervos à flor da pele, o mundo ficou dividido entre obesos e os que conseguem se sujeitar aos escassos limites da sua poltrona, em viagens aéreas.

Magros acusam os gordos de invadir o espaço alheio; gordos justificam que conforto se tem em casa, eles também padecem com vizinhos com banho vencido, mau hálito e outros problemas.

Antes que os dois grupos se engalfinhem em luta desigual, admite-se que os dois lados têm a sua parcela de razão.

Qualquer um que já esteve sentado em seu lugar, num vôo internacional, numa aeronave qualquer, lembra a sensação de pânico,quando alguma figura descomunal assoma à entrada do avião, caminhando com dificuldade pelo corredor estreito, o corpo meio de lado, pois de frente não passa entre as poltronas. Será que fui sorteado com a sua companhia?

Terror pouco menor, vale lembrar, que o ocasionado pela mãe com a grande sacola, bebê chorando no colo, outro guri pulando à frente. Serão suas as duas cadeiras vazias ao meu lado? Porque bebê não paga passagem e, por essa prerrogativa, passará a noite no colo da mãe. E o passageiro ao lado se saberá miserável, se reclamar qualquer coisa.

Mas o passageiro também se sentirá infeliz e desconfortável, se tiver as pernas pouco mais compridas e precisar passar a noite encolhido, no mínimo espaço que as companhias aéreas pretendem que ele ocupe. Desconfortável como continuará se sentindo o gordo, ao ocupar as suas duas poltronas, com a divisão no meio.

Assim, deixem gordos e outros de brigar entre si e virem baterias contra as companhias aéreas. Elas é que precisam aumentar o tamanho das poltronas e o espaço entre todas as fileiras, para proporcionar conforto aos usuários, responsáveis por continuarem voando e faturando. De inhapa, se estiverem realmente interessadas no conforto dos clientes, criem uma fileira especial para aqueles demasiadamente fora do padrão.

Mas aí alguém argumenta, com razão, que dessa forma todos sairão penalizados, pois, com menor número de passageiros em cada aeronave, com certeza o preço das passagens aumentará. Então, qual seria a solução? Ou este, como outros, é problema sem solução?

Um comentário:

Ruthe disse...

Os problemas estão aí aos montes e acredito que esses sejam,como outros, mais alguns, que endossarão a lista de problemas sem solução, infelizmente!Sempre que falam em soluão de problemas lembro aquele jogo de dominó!