Suas crônicas mostram intimidade com a terra e a vida no campo, na simplicidade com que trata temas espinhosos como relações humanas, amor, ciúme, inveja, dor e morte.
26 de out. de 2009
Momento especial
Para o autor, o lançamento de cada livro é um momento especial. Tão especial que a maioria prefere reparti-lo só com os escolhidos, os amigos e familiares conhecedores do esforço contido naquelas páginas, agora corajosamente entregues às mãos estranhas. Ao contrário dessa maioria, outros, como eu, justamente por considerá-lo um momento especial, preferem compartilhá-lo, em evento aberto ao público, onde todos são bem-vindos.
Desejamos o abraço sincero de quem nos deseje abraçar, nesse dia. Por isso são importantes as presenças e entendido o valor de cada uma, o empenho em resistir à vontade de chegar em casa, colocar uma roupa confortável, assistir ao noticiário ou à novela, pernas para cima, os compromissos do dia deixados para trás, após a canseira habitual. Cada pessoa que aparece à frente do autor, ao fim do dia, em vez de fazer outro programa, como talvez preferisse, venceu a batalha contra o seu diabinho interior, fechou os ouvidos às propostas tentadoras ou a frases do tipo “será que ele faria esse sacrifício por ti”? Cada presença é um generoso presente, portanto.
Convites precisam ser enviados, contudo, sob risco de não aparecer ninguém. Evento que se preze precisa um mínimo de freqüência e esse é o motivo dos convites. Que podem se transformar em problema, quando pessoas que se acreditavam merecedoras de recebê-lo não o vêem embaixo da porta ou na caixa de correspondência e ficam sem entender a razão de terem sido ignoradas.
Para o lançamento do meu terceiro livro, esmerei-me na lista com nomes e endereços, exaustivamente, observando mudanças de residência e alterações no estado civil, inclusive, as amigas como testemunhas. Quem já se dedicou a essa tarefa, alguma vez, sabe como é estressante, pela responsabilidade assumida. Depois, na impossibilidade de entregar a todos, pessoalmente, precisei utilizar outros recursos para a distribuição e nesse momento tive problemas com a logística, só tomando conhecimento das falhas após o dia programado, quando nada mais poderia ser feito. Valeu a aprendizagem, embora só me reste pedir desculpas aqueles cujos convites eu mesma tomei o cuidado de subscritar, para depois ser penalizada pela má escolha na entrega paga.
Contudo, apesar desse inconveniente, o lançamento contou com inúmeras presenças. No dizer do cronista, ”toda Pelotas chique e importante estava lá”. Na verdade, sendo gentil na escolha das palavras, ele não podia imaginar o quanto foram apropriadas. Cada uma daquelas presenças teve suma importância para mim. Compareceu gente que me surpreendeu, por ter saído do seu conforto para me homenagear; gente avessa a festas e encontros sociais passou ligeira, antes de todos, só atrás do autógrafo; casais com bebês inquietos, saindo apressados, na hora da mamada; velhos e fiéis amigos, companheiros de todas as jornadas; leitores desconhecidos, amigos que não conhecia, mas me conhecem bem. Fora os muitos que telefonaram, justificando a ausência, ou enviaram flores e presentes. Foi muito bom.
Também houve ausências importantes, como é normal, pelos motivos mais variados, alguns surpreendentes. Contudo, entre todas, lamento as causadas pela falha na entrega dos convites. Quando pensamos ter tudo sob controle, às vezes somos surpreendidos pelo inesperado. Fazer o quê, senão pedir desculpas, aproveitando esta crônica?
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Um comentário:
Marta
Só não erra quem nada faz (Deus nos livre dessa categoria).
Criar e educar filhos e netos, escrever crônicas e livros são coisas de quem sabe o que quer, se arremanga e faz.
Já o escrever colunas em jornais e manter um blog por meses a fio vão mais adiante, denotando persistência e demonstrando que também pensas nos outros.
Com essas etapas é certo que a marca da tua trajetória como pessoas que nos são importantes e que muita falta nos fazem em nosso dia a dia está garantida. Requer horas de dedicação e por isso te agradecemos.
Ao ouvir tua entrevista na rádio, notei que a comunicação vai além da páginas escritas no papel ou no html da internet. Sim, quantas pessoas não tem computador e quantas não sabem ler, mas também puderam "ouvir" teus pensamentos.
Produzir algumas frases em MP3 permite produzir um material diferente e apropriado para o envio e uso em radios e palestras. Com o computador sei que poderás criar muito mais e quem sabe até pequenos vídeos possíveis de serem adinionados a algumas postagens. Só falta seres descoberta pelos grandes comunicadores da TV, e sei que tens muitas qualidades para isso. Parabéns.
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