Lembro, às vezes, com lástima, a péssima aluna de Geografia que fui, procurando decorar tudo, sem nada entender. Como era jovem e com outros interesses, relevo a ignorância, mas me acho no direito de culpar aos professores que passaram pelo meu caminho, nenhum motivado a pegar um mapa e ali, correndo o dedo, explicar sobre clima, relevo e todas as características que tornam cada localidade interessante. Imagino que bom seria, se a matéria acompanhasse a de História e, ao mesmo tempo, aprendêssemos sobre a descoberta de novas terras, a luta entre os países vizinhos na ânsia de aumentar o seu território e o poderio. O pensamento me ocorre, invariavelmente, a cada vez que começamos a programar nova viagem, quando novamente sou obrigada a encarar a minha ignorância. Mas, tudo bem, nada que não se resolva.
Hoje, interessada, a primeira atitude é pegar o mapa e começar a bisbilhotar. Como só a localização não basta, parto para a pesquisa, acompanhada da necessidade de escrever, para não esquecer. Logo desejo compartilhar as impressões com quem, gostando de viajar, não tenha condições de fazê-lo, por quaisquer motivos. É o que faço agora, um pouco na intenção de incentivar o lado aventureiro de alguém que, com todas as condições, só precise de um empurrãozinho. Por outro lado, ao publicar a crônica no blog, faço um favor a mim mesma, que amanhã poderei voltar aqui e relembrar detalhes que com certeza já terei esquecido.
De qualquer forma, neste espaço democrático, sinto-me à vontade para contar as minhas impressões, principalmente porque aqui só permanece quem quer. Bem diferente de um encontro social, onde nem sempre os outros estão dispostos a ouvir as nossas experiências. Vamos lá, então.
Realizamos um cruzeiro no transatlântico Celebrity Infinity, de Fort Lauderdale, na Flórida, até San Diego, na Califórnia, em duas semanas de navegação. A travessia do Canal do Panamá, sem sombra de dúvidas, foi a grande motivação dessa viagem, inclusive porque já tivemos oportunidade de realizar outros cruzeiros pelo Caribe. Na última viagem, em maio de 2009, a curiosidade foi sobre o Freedom of the Seas, então considerado o maior navio do mundo. Mas, além do Canal, as cidades incluídas neste roteiro nos encantaram, algumas pelo porte, todas pela beleza.
Embarcamos ao meio-dia do domingo, tendo em mãos os passaportes e o check in feito pela Internet, com antecedência. A eficiência do embarque merece elogios, desde o momento em que o encarregado se apossa da nossa bagagem, mal descemos do táxi que nos levou até ali, até o reencontro com ela, colocada à porta da cabine. No primeiro cruzeiro, tanta eficiência nos fez lançar um aterrorizado olhar de despedida às duas malas, certos de que nunca mais as veríamos, o que se revelou uma injustiça. Agora, já nos considerando veteranos em cruzeiros, aceitamos com naturalidade todas as facilidades.
O roteiro inclui a ilha Grand Cayman, seguida de Cartagena, na Colômbia, logo a travessia do Canal do Panamá, depois Puntarenas, na Costa Rica, mais Huatulco, Acapulco e Cabo San Lucas, no México, finalizando em San Diego, de onde voltaremos ao Brasil.
Pois o Celebrity seguiu pelas águas esplendidamente turquesas do mar do Caribe até o arquipélago formado pelas Ilhas Cayman _ Little Cayman, Cayman Brac e Grand Cayman _ descobertas por Cristóvão Colombo, em 1503, e anexadas à Inglaterra em 1655, conservando ainda hoje a herança da cultura inglesa. Como colônia, o governador representa a monarquia inglesa.
Grand Cayman, onde aportamos, após um dia de navegação, é a maior das três ilhas, com 33 km de comprimento e 6 de largura, onde vivem cerca de 22.000 pessoas. A arquitetura, o traçado das ruas, a igreja, o sentido do trânsito fazem lembrar as Ilhas Falkland, também de colonização inglesa.
Paraíso fiscal internacional, Grand Cayman possui 450 bancos. Destino turístico, é famosa pela beleza do fundo do mar, com água à temperatura média de 30 graus centígrados e paredões que podem alcançar 2.000 metros de profundidade. Vamos conhecê-lo, no submarino Atlantis, com ar condicionado e acomodação para 48 passageiros.
Descemos a 33 metros de profundidade, observando, através das janelinhas, os corais, canyons, cavernas e a infinidade de peixes de diversas espécies e cores que tornam esse passeio imperdível.
Na viagem de maio, também aportamos em Grand Cayman, mas naquele dia estava chovendo e nos limitamos a conhecer o comércio, por isso foi bom voltar. Mas a cidade possui um comércio exuberante e tentador, principalmente para a venda das belíssimas jóias e do artesanato local. Após visitá-lo, retornamos ao Celebrity, para seguir viagem.
martafscosta@gmail.com
Um comentário:
Com toda certeza afirmo de que a única palavra que encontro para descrever o que acabei de ler é - LOUCURA!
Feliz retorno!
Beijos
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