Suas crônicas mostram intimidade com a terra e a vida no campo, na simplicidade com que trata temas espinhosos como relações humanas, amor, ciúme, inveja, dor e morte.
12 de jan. de 2010
Acapulco
O Celebrity Infinity, transatlântico em que viajamos, chegou a Acapulco antes das 9h da manhã.
O cruzeiro turístico, iniciado em Fort Lauderdale, na Flórida, incluiu a ilha Grand Cayman, seguida de Cartagena, na Colômbia, logo a travessia do Canal do Panamá, depois Puntarenas, na Costa Rica, mais Huatulco, Acapulco e Cabo San Lucas, no México, finalizando em San Diego, de onde voltaremos ao Brasil. Ao todo, serão duas semanas de viagem e estamos no décimo primeiro dia, o que explica essa sensação de final de festa. Como ontem passamos o dia em Huatulco, depois curtimos a noite no navio, hoje estamos mais devagar. Por isso, ao invés de descer logo à terra, preferimos acordar mais tarde, tomar um café reforçado que já faça a vez de almoço e passar o resto da manhã na piscina do navio.
Muitos passageiros saíram logo nas excursões programadas, outros tiveram a mesma nossa idéia e alguns nem descerão, por já conhecerem ou por preferirem a comodidade do navio. Isso é a parte melhor dos cruzeiros: liberdade total.
Acapulco possui um porto de abrigo natural, que forma uma baía que se estende ao longo de 5 km e é protegida, ao norte, pela Sierra Madre do Sul.Do navio, a vista é linda, com a orla marítima, os inúmeros edifícios atrás e as florestas cobertas de vegetação mais ao fundo.
Como somos três casais, preferimos alugar uma van, ao preço de U$25 por pessoa, e fazer um passeio pela cidade. O motorista, que também faz o papel de guia turístico, se chama Rafael Vila e é muito falante e metido a espirituoso."Os amigos me chamam de Pancho Vila", vai logo dizendo.
A descoberta do México foi feita por terra, segundo nos conta Rafael," quando o rei de Espanha ordenou que mais terras fossem descobertas".
Mas o potencial do porto de Acapulco despertou interesse, pela sua localização, desde que o conquistador espanhol Gil Gonzáles Ávila aqui chegou, em 1512 _ segundo o folheto recebido a bordo. Durante os 250 anos seguintes, grandes frotas de navios espanhóis sulcaram as águas do Pacífico, interessados nas riquezas asiáticas, fazendo intercâmbio de prata mexicana por especiarias, sedas, marfim, pedras preciosas, pérolas e outras mercadorias. Ao regressarem os navios, as mercadorias eram descarregadas em Acapulco e levadas, por terra, até o porto de Veracruz, para posterior envio à Europa. No final do século XVII, com a inauguração do Cabo da Boa Esperança, começaram a ser utilizadas as novas rotas comerciais pela África e a importância do porto de Acapulco diminuiu, embora ainda seja importante para a exportação de produtos do interior do país, como o algodão, a cana-de-açúcar, as frutas tropicais, o tabaco e outros.
Manga, coco, limão, goiaba e tamarindo são as principais frutas para exportação, conta o nosso guia, passando de um assunto a outro, enquanto o veículo segue pela avenida principal, acompanhando a orla marítima.
As praias são publicas, somente se alugam os toldos e as cadeiras, e estão cheias de gente e de guarda-sóis coloridos. O trânsito de automóveis é intenso nas ruas, um pouco exagerado para o meu gosto. Mas há inúmeros resorts, com suas praias particulares, campos de golf, condomínios e marinas, para quem prefere mais sossego.
Rafael diz que Acapulco possui 1.300.000 habitantes. "40% católico, 60% alcoólico" _ completa, querendo ser engraçado.
Passamos pelo Hotel las Brisas, conhecido aqui como Baby Factory (Fábrica de bebês), por ser o preferido pelos casais em lua de mel.
Após a segunda Guerra Mundial, quando os turistas americanos procuraram novos destinos para lazer, Acapulco logo se tornou um dos lugares preferidos da elite de Hollywood, o que fez com que passasse a atrair os ricos e famosos de todo o mundo.
Mas artistas e famosos, embora precisem dos flashes para respirar, não costumam apreciar o tumulto da plebe fascinada que os persegue, por isso, ao se popularizar, Acapulco perdeu um pouco da sua áurea de glamour. É que, ao se desenvolverem, as praias antes pitorescas perdem parte do encanto, ainda que conservem a beleza natural. De qualquer forma, Acapulco continua atraindo milhares de turistas, inclusive europeus e os americanos do norte, tanto pela beleza e pela oportunidade de diversão, como pela temperatura amena da água, mesmo no inverno.
Continuando o nosso passeio, passamos pelo restaurante EL Zorrito, onde se come a melhor comida mexicana em Acapulco, ainda segundo nosso animado guia.
Depois, ele nos conduz à casa do primeiro Tarzan, Johnny Weissmuller, estratégicamente localizada sobre um penhasco, lá embaixo o mar azul. A construção, com altos e baixos, acompanha as diferenças do terreno, o que melhor possibilita a observação da esplêndida baía.
Dentro da casa, que também pertenceu a John Wayne, as paredes estão cobertas com fotos de artistas da época, gente que aqui se hospedou.
Dali vamos a La Quebrada, ponto ideal de observação de uma das atrações mais famosas de Acapulco, uma queda de mais de 150 pés sobre o mar, onde mergulhadores profissionais fazem a sua apresentação. No topo do penhasco, eles se posicionam, esperando o momento adequado, quando a maré sobe. Um erro de tempo significaria a morte, o que cria enorme suspense antes de cada mergulho e uma entusiástica salva de palmas, ao final.
Após o tour, como é de praxe, o guia nos leva a uma joalheria, onde podemos apreciar diversos artigos com a prata mexicana, a preços convenientes. Aproveito para comprar alguns presentes da minha lista de Natal, com a certeza de que farão sucesso, pela beleza e originalidade.
Às dezoito horas, partimos rumo a Cabo São Lucas, ainda no México.
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2 comentários:
Após ler a Crônica, do que mais gostei e me chamou a atenção foi, se dúvida nenhuma, o rosto de satisfação de vocês os dois!Também pudera - tantas belezas!
Beijos
Companheiro de viagem que fui,a cronica merece elogios pela fidelidade. Cidade bonita, grande, cheia de histórias mostra uma beleza extraordinária, aliás muito aproveitada por celebridades, como nós por ex.
Parabens, Marta.
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