28 de mar. de 2011

Prestação de contas

Acompanho a presidente da instituição na visita à Casa de Santo Antônio do Menor, em Pelotas, RS, para ver as obras de restauração e pintura proporcionadas pela comercialização do livro Pelotas à Mesa, com renda total para essa entidade assistencial.

Contam histórias de solidariedade e empreendedorismo essas paredes. Ali estruturas foram derrubadas, na intenção de proporcionar maior espaço às crianças; aqui o refeitório, com as mesas e bancos recebidos de outra entidade; na cozinha, a geladeira doada por um grupo de assistência, o fogão adquirido com a verba de algum projeto, a mesa que alguém lembrou que poderia servir; na despensa, o freezer proporcionado pela doação quase anônima; nas salas de aula, brinquedos e material escolar em perfeito estado. Da mesma forma, no consultório médico e odontológico, as paredes falam de gente que se doa, sem pretensão de aparecer, como no trabalho executado por outros voluntários. Histórias que também contam os olhares extasiados das crianças, ao receberem presentes, nas diversas comemorações. Presentes recebidos de instituições e pessoas desconhecidas, dizendo-lhes que se importam com elas.

Há vinte e cinco anos a Casa de Santo Antônio, organização não governamental, sem fins lucrativos,  atende  crianças pertencentes a famílias de baixa renda, em fase pré-escolar, proporcionando-lhes um dia-a-dia repleto de carinho e motivações, base necessária para o futuro digno que merecem. Há vinte e cinco anos, mais pessoas da comunidade local se juntam às primeiras, ajudando a transformar o sonho em realidade.  Em 2010, a idoneidade e o trabalho realizado tiveram seu reconhecimento em convênio assinado com a Secretaria de Educação, possibilitando melhor aprendizagem no período pré-escolar.

Por isso, em 2010, desejei deixar gravada parte dessa história. Com essa intenção, comecei a organizar o livro Pelotas à Mesa, a simplicidade do sofisticado, com receitas culinárias selecionadas por convidados especiais, com o perfeccionismo da Editora Textos e de Juliano Kirinus, responsável pelas sugestivas fotos. Para a concretização do projeto, contei com o apoio de patrocinadores. 

Parte da renda já obtida com a comercialização de cerca de 1.500 exemplares permite a obra de manutenção e reforma da estrutura física da Casa de Santo Antônio do Menor. Essa a razão desta prestação de contas e o convite feito à comunidade pelotense para que visite a entidade e possa comprovar o já realizado, graças à sua participação.

Cada canto desta Casa é um hino de fé à generosidade e ao empreendedorismo, resgate da confiança na pessoa humana. Tudo de que se precisa, nesses tempos em que a capacidade de acreditar é constantemente posta à prova.

Em diferentes cidades, por esse país afora, outras organizações e pessoas anônimas se dedicam, com entusiasmo, ao trabalho voluntário. Mas não bastam o desprendimento, o trabalho e as boas intenções. Nas entidades que necessitam, para a sua manutenção e sobrevivência, da participação da comunidade, é importante a abertura a essa comunidade, como forma de prestação de contas, para que o trabalho e as benfeitorias possam ser apreciados e, em conseqüência,  a sociedade se sinta motivada a continuar auxiliando. Prestar contas, nessa situação, mais que obrigação, representa o  prazer dos objetivos alcançados.



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