A cada momento, a mídia escolhe um tema para “bola da vez”. Sugestionados, todos passam a tratá-lo como a maior novidade, atribuindo-lhe a importância antes negada. Seguindo essa linha, após muito ignorar o problema e as trágicas conseqüências, enfim escolas e pais resolveram encarar o bullying, forma de violência persistente e demolidora, dirigida aos mais fracos ou diferentes.
A palavra bullying vem de bully, que significa “valentão”, em inglês. Pode ser física (geralmente praticada pelo sexo masculino) ou psicológica, a preferida por meninas e jovens do sexo feminino. É sempre uma forma de discriminação, um “chega pra lá”, pretenso “sou mais importante que tu”. Pretenso porque, em geral, atrás das atitudes agressivas do valentão ou do exibicionismo da “patricinha”, esconde-se a insegurança, a falta de reconhecimento ou excesso de cobrança, o medo de ser confundido com o escolhido para “bode expiatório”.
Meninos, jovens e adultos bem-resolvidos não precisam diminuir os outros, para conquistar um lugar no grupo. Da mesma forma, pessoas seguras de si, contentes com a sua condição, não sentem prazer em espezinhar o gordinho, o baixinho, a colega sem roupas de grife, o colega de modos mais delicados.
Mãe e pai atentos logo percebem quando o filho demonstra pouca vontade em ir à escola, inventando desculpas para escapar ao convívio indesejável. Na contramão, se estiverem atentos, também perceberão os ares provocativos, as grosserias dirigidas aos colegas. Em ambos os casos, uma boa conversa pode ser a diferença entre deixar o problema crescer ou atacar na raiz. Sabendo-se protegido, o menino deixa de aceitar as provocações; procura ajuda, se agredido; aprende a enfrentar as dificuldades. Fortalecida em sua autoconfiança, a menina desprestigiada pelas colegas passa a vê-las como são: perfeitas idiotas.
Caso percebam atitudes de medo ou reclusão, após conversar com os filhos, os pais devem se sentir à vontade para procurar a escola. Dentro de suas paredes, a responsabilidade pertence a ela. A escola deixa de cumprir o papel de educadora, quando se omite, ignorando a agressividade que alguns sofrem, marcando-os para o resto da vida. Agressividade vinda, algumas vezes, dos próprios professores, quando desmoralizam e intimidam os alunos, para disfarçar suas carências.
Quem nunca encontrou um valentão em seu caminho? Ou a colega que olha de cima, achando-se importante? Ou um professor do tipo que puxa pra baixo, em lugar de incentivar? Por isso, a auto-estima de crianças e jovens precisa ser incentivada, para que não se sintam vítimas, ao serem agredidos; para que aprendam a se impor e enfrentar as diversas situações que encontrarão, ao longo da vida. Ou alguém pensa que adultos não sofrem agressividade nem são humilhados pelos seus pares? E, em todos os casos, o final feliz ou trágico dependerá da resposta escolhida por cada um.
Esgotado, o tema Bullying deixa os jornais, mas o problema continua existindo e medidas precisam ser tomadas, sempre que detectado. Por trazer à baila essa discussão, foi importante o papel da mídia, propiciando inclusive campanhas de esclarecimento. Mas, dentro dos lares e das escolas, o trabalho continua. Não há mais lugar para a omissão.
Um comentário:
Cada dia que passa e mais eu vivo, me dou conta de como era maravilhoso os dias de outrora, sem medos, sem mídia fatalista!
Do jornal jorra sangue, da televisão nem se fala. As pessoas estão quase todas neuróticas e não é para menos - que tristeza!
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