Elogios não devem ser lançados a esmo, para se despachar ou agradar a meio mundo. Pessoas que elogiam a qualquer pretexto logo ficam desacreditadas. Boazinhas demais, seus elogios perdem a força, a credibilidade. Mas elogiar é quase obrigação, quando se aprecia algo, principalmente se realizado para o bem comum.
Essa a razão desta crônica: elogiar, mesmo em atraso. Aliás, exceto casos raros, elogios sempre vêm a tempo.
Assim, lá vai: adorei a duplicação das avenidas Ferreira Vianna e Adolfo Fetter, caminho para o Laranjal. Ficou bom demais ir até a praia, tranquilamente, apreciando a paisagem à volta, o casario já quase sem interrupções, muitas e interessantes casas comerciais. Antes, a preocupação com o trânsito, a necessidade do olhar atento, o receio de alguma ultrapassagem apressada por conta de outro motorista, tudo contribuía para que não fosse um passeio, mas simples deslocamento para atingir o objetivo. Hoje, é só se conservar à direita, se estiver sem pressa, e acompanhar o fluxo tranqüilo dos automóveis.
Logo que a duplicação ficou pronta, lá fui eu, curiosa, apreciar a novidade tão esperada. Às vésperas de viagem, envolvida com outros acontecimentos, não tive condições de escrever a crônica entusiasta que a melhoria inspirou. Surpresa, acompanhei, através da mídia, o descontentamento com as rótulas. A maioria dos comentaristas se fixou nas rótulas, em vez de se permitir saborear a estrada liberada, o acesso fácil. Eu, na verdade, nada entendo de rótulas: quando chego a elas, diminuo a velocidade, concedo a passagem ou assumo a frente, conforme a situação. Motoristas educados também costumam diminuir a velocidade, observar o comportamento dos outros, ceder lugar a algum apressadinho, para não criar confusão. Mas curto estradas duplicadas, fluxo contínuo, tranqüilo, por isso apreciei a duplicação e das rótulas só visualizei a facilidade de retorno, proporcionada por elas.
Imagino que agora, passado o impacto inicial, principalmente por parte dos moradores do Laranjal, que fazem este trajeto mais de uma vez por dia, sejam muitos os elogios e a alegria pela duplicação tão desejada. Que, aos poucos, decerto será complementada por detalhes, como arbustos entre as vias, para melhor visão, à noite.
A praia do Laranjal merecia um acesso privilegiado. Presente da natureza, ainda pouco valorizado pela maioria dos cidadãos pelotenses, merece mais oportunidades de desenvolvimento. Compreende-se isso, quando, em outros países ou até mesmo em outras cidades brasileiras, observamos a valorização de lugares criados pelo poder econômico aliado à determinação do homem. Do nada, estrangeiros são capazes de inventar lugares paradisíacos, que logo se tornam pontos turísticos.
Aqui, ao contrário, a natureza foi generosa. Como generosa também foi ao nos presentear com o Arroio Pelotas e o São Gonçalo, pontos de navegação que, como a Lagoa dos Patos, merecem ser bem aproveitados e conhecidos pelos turistas.
Mas a valorização turística só acontece a partir da valorização dos locais, prestigiando, ajudando a conservar, contribuindo com sugestões positivas, elogiando as medidas progressistas, denunciando os abusos. Sem animosidade, com o espírito de construir.
Um comentário:
Elogiar é preciso, sim! Mas, na maioria das vezes, o lado ruim prevalece sobre o bom, tornando-o invisível. Nunca esquecer, que como a moeda, tudo tem dois lados!
Postar um comentário