Suas crônicas mostram intimidade com a terra e a vida no campo, na simplicidade com que trata temas espinhosos como relações humanas, amor, ciúme, inveja, dor e morte.
16 de set. de 2011
Sobre o que estávamos falando?
Sabe aquelas pessoas que começam um assunto, passam para outro e daí a pouco nem sabem do que estavam falando? Faço isso, às vezes. Quando menina, bastava começar a arrumação no armário de livros da mamãe para me interessar pela leitura de algum e esquecer o que tinha ido fazer ali.
Acredite, foi o que aconteceu, quando resolvi mexer na caixa onde guardo, junto com fotos preservadas de alguns antepassados, os dados genealógicos obtidos em várias pesquisas, justamente naqueles muitos anos em que morei no campo, com raras vindas a cidade de Pelotas.
Como, então, apesar das inúmeras e produtivas atividades desenvolvidas, o tempo continuava sobrando, depois de devorar todos os livros que encontrei pela frente, comecei a me interessar pela história dos antepassados e me lancei à pesquisa. Na Bíblia materna, encontrei o ponto de partida para o conhecimento das minhas origens, tanto pelo lado materno como paterno; em papéis guardados pelo sogro, achei outro fio que conduzia ao passado. Dali em diante, fui puxando os fios e descobrindo que eram compridos, pois sempre havia outro pai e outra mãe, que por sua vez eram filhos de... e assim a história foi encompridando, as árvores se misturando, tios casados com sobrinhas, viúvos casando com as cunhadas, confusão de nomes, irmãos com sobrenomes diferentes. Levei tempo para entender, mas acabei familiarizada com muitos personagens.
Tudo porque algumas pessoas tiveram a preocupação de preservar documentos, fotos e álbuns. Se ninguém tivesse esse interesse, não haveria história, tal como a conhecemos. História fantasiosa, às vezes, porque quem conta pode enfeitá-la, para se engrandecer. Como as pessoas que se submetem à regressão e depois sempre relatam que, em outras vidas, foram reis, princesas, sheiks árabes; ninguém se descobre o ajudante de cozinha do administrador do castelo. Mas, exageros à parte, é interessante conhecer nossas raízes, descobrir de onde vieram os antepassados, especular a razão por que deixaram pra trás o seu lugar de origem para enfrentar o desconhecido, em terra estranha.
Hoje, com a facilidade da internet, qualquer um pode começar a sua árvore genealógica, através de sites próprios para isso. Começa com os dados de que dispõe (pais, irmãos e avós, por exemplo) e logo verá os galhos se estenderem, com informações colhidas aqui e ali e comunicação com outras árvores já existentes, inclusive na internet. É impressionante o número de pessoas que sequer sabe os nomes do bisavô, por nunca ter perguntado. Começar a juntar os dados, aproveitando a existência de pessoas que possuem as informações, pode ser muito interessante.
Mas o que eu estava falando, mesmo? Por que enveredei por esse assunto? Ah, lembrei. Eu ia contar que, bisbilhotando na caixa onde guardo fotos e documentos antigos, comecei a lembrar de quando fazia pesquisa genealógica, para aproveitar o tempo que sobrava. Por associação de idéias, lembrei da vida que então se levava no meio rural, das muitas atividades desenvolvidas para garantir o bem-estar cotidiano.
Muitas dessas atividades _ como fazer sabão e velas, para uso caseiro _ ficaram no passado, parte das vivências de cada um. Preservadas em crônicas, tornam-se o depoimento de uma época. Velhos recortes de jornais, guardados em outra caixa qualquer, amanhã farão sorrir a quem nasceu em outro século e nem consegue imaginar um mundo sem internet, celular, comida congelada e estradas asfaltadas.
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Um comentário:
Muito interesante eu vivi está vida
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