18 de mar. de 2007

Tarde demais

A mídia comentou que a visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ao Brasil, aconteceu tarde demais. Deveria ter ocorrido há seis anos, disseram, quando os dois presidentes começavam os seus mandatos. Preocupado com as crises internas, o 11 de setembro, a guerra do Iraque e com os inúmeros outros problemas que lhe foram caindo nas mãos, Bush se descuidou da América Latina. Com isso, deixou um espaço vazio, prontamente aproveitado por Hugo Chávez, presidente da Venezuela, que não deixou pra depois. Percebendo o crescimento de tendências esquerdistas nos governos sul-americanos, agora Bush volta a sua atenção para esses países. Tarde demais, segundo alguns repórteres.

Há um tempo certo para cada coisa. “Um tempo para semear, um tempo para colher”, como se sabe. O difícil é acertar com ele, reconhecê-lo: É agora! - e agir com rapidez.

Passado o momento certo, as atitudes perdem a força. Alguém foi mais rápido, soube reconhecer a oportunidade, realizou aquilo que nos preparávamos para fazer. Publicou a pesquisa sobre o tema que outro sujeito há anos estuda, lançou no mercado o produto inovador, comprou a casa dos nossos sonhos, aproximou-se da pessoa que desejaríamos conquistar. Em alguns casos, depois o descansado até pode continuar com o projeto, chegar a realizá-lo, mas o impacto da novidade se perdeu. Em outros, não tem jeito, a oportunidade passou.

Até para mostrar apoio ou solidariedade tem hora certa, por incrível que pareça. Às vezes, alguém demora tanto a se manifestar, que o gesto perde o sentido emocional, transforma-se numa formalidade corriqueira, como uma obrigação de que enfim conseguiu se livrar. Qualquer que tenha sido a razão, quando alguém demora muito a se manifestar, em geral chega tarde demais.

Em política, percebe-se isso com clareza. Ganha o que chega primeiro, o que mostra a cara antes. Esse é focado pelos holofotes da mídia, obtém a atenção, é motivo de assunto. Os seguintes ocupam um lugarzinho insignificante num canto de página, pois notícias repetitivas não atraem os leitores.

Nos relacionamentos, ainda que falem “antes tarde do que nunca”, também é bom não perder tempo e acreditar mais no “Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje”. Sempre é hora de mostrar carinho, consideração, afirmar o quanto o outro é importante. Quando um dos parceiros deixa de se mostrar interessado, não falta quem saiba valorizar.

Só para pedir desculpas ou mostrar arrependimento nunca é tarde demais. Mas arrependimento, para ser considerado, tem que ser verdadeiro, do tipo que vem acompanhado da mudança de atitude. Por isso é possível questionar se a visita do presidente Bush ocorreu tarde demais. Sendo ele quem é, se desejasse, poderia reverter a situação com a facilidade concedida aos poderosos. As pessoas comuns precisam ser mais cuidadosas, pois nem sempre têm outras oportunidades.

2 comentários:

Blog do Simeão disse...

Marta
Espero que façam uma boa viagem e "carreguem bem as baterias", trazendo esses teus bons artigos.
Realmente, faltam líderes, gente que não fique em cima do muro e que sejam pessoas de palavra e honestos. Com isso, nem nossos políticos nem nosso presidente serviriam para administrar este país. É como dizioa Pedro O O Santos: muda o chiqueiro mas os porcos são os mesmos: ganham demais, roubam e não fazem nada...
Abs - Simeão

Anônimo disse...

Querida Marta!
É muito triste lamentar por acontecimentos negativos que surgiram, porque chegamos tarde demais! Acontece bastante e quando nos damos conta...Mas acredito que com o tempo vamos aprendendo a corrigir, nos alertando, para que não o façamos novamente!
Bom passeio : divertido, instrutivo e maravilhoso!Até à volta.

Beijos da Ruthe