1 de out. de 2007

Cabeça feita

Dia após dia, de maneira persistente e sistemática, mensagens divulgadas através dos jornais, do rádio e da televisão “fazem a nossa cabeça”. Enquanto nos consideramos muito espertos e bem informados, julgando possuir opinião pessoal sobre temas diversos, na maioria das vezes repetimos as opiniões que fomos levados a considerar nossas.Algumas vezes, as mensagens são óbvias, escancaradas; em outras – as mais perigosas – elas são disfarçadas, subliminares, conduzindo-nos às conclusões desejadas.

Notícias são plantadas, com o intuito de criar falsas certezas sobre figuras públicas e instituições que passamos a considerar idôneas, acima de qualquer suspeita, ou das quais começamos a desconfiar, conforme a orientação recebida. Desavisados, criamos ídolos por quem os mais exaltados se dizem capazes de matar ou morrer.

A mídia tem o poder de manipular os fatos, omitir os detalhes sórdidos, inventar heróis e heroínas. Poder de nos presentear com a fantasia.

Assim como cria os mitos, a mídia os destrói, quando deixam de interessar ou quando o passar do tempo permite que se tornem história.

Aconteceu com John Kennedy, presidente americano, herói de guerra, símbolo do marido ideal e do pai perfeito _ imagem construída, hoje se sabe, para atender às necessidades do momento político. Milhões choraram a sua morte como se tivessem ficado órfãos. Há pouco tempo, lendo Jackie e Jack, senti-me completa idiota, pois nenhum dos dois era nada do que nos haviam feito acreditar. E, como os tais milhões, eu havia chorado.

Da mesma forma foi criado o mito Diana, aproveitando a figura bonita, elegante, entre modesta e altaneira, envolta na áurea de um grande amor não retribuído.

Assim acontece com políticos, atrizes, atores e pessoas em geral, alguns endeusados _ porque essa imagem serve a algum propósito _ outros execrados, queimados na fogueira dos fatos distorcidos _ também para atender aos interesses de alguém.

Depois que o nome foi caluniado, impossível restaurar completamente a reputação arruinada. Como papeizinhos salvos das labaredas, toda reputação atingida fica chamuscada.

Compreender o poder da mídia é o primeiro passo para desenvolver o espírito crítico. Algumas vezes, a mídia também não tem acesso a toda a informação. Ou tem a boca fechada, impedida de se manifestar por receio de represálias. Por isso é comum os ataques aumentarem à proporção que o adversário se mostra mais fraco. Outras vezes, a mídia é tendenciosa porque submissa aos seus próprios interesses.

Nesse festival de notícias plantadas e verdades encobertas, começa a se formar o cidadão consciente, preocupado em buscar informações a fim de fundamentar a sua opinião. Nesse momento é importante o papel da mídia honesta, responsável, sem “rabo preso”. Felizmente, ela existe.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tens toda a razão, é mesmo assim que se criam as lendas. Um de meus irmãos ficou famoso porque em certo dia resolveu dar sua opinião sobre um fato acontecido e usou esta frase da seguinte forma: " é assim que se criam as lendias".
Como dizes, felizmente, ainda tem gente honesta na midia e pessoas como tu que estão sempre alertando sobre os problemas existentes.
Um beijo carinhoso da Suely

Anônimo disse...

Marta!
Para mim foi uma tremenda desilusão, quando soube, muitos anos mais tarde, que aqueles vultos que fizeram nossa História não eram nada daquilo que veneramos.
A vida fica bem conturbada : -Acreditar em quem?
Beijos da Ruthe