A
certa altura do filme Dama de Ferro, que conta parte da vida e da trajetória
política de Margareth Thatcher, primeira mulher a ocupar o posto de Primeira
Ministra da Inglaterra, ela é aconselhada a não elevar o tom da voz, ao se
posicionar perante os outros ministros, “porque nenhum homem gosta de mulher
que fala alto com ele”. Mulheres também não gostam de homens que falam alto, pretendendo
se impor pelo tom de voz, mas jamais um primeiro ministro de qualquer país
ouviria esse conselho. Essa é uma diferença sutil entre o que se espera de um
homem e de uma mulher, em muitas coisas eles ainda levando vantagem, porque
foram os “donos da bola” por alguns séculos e assim ditaram as regras que lhes
convinham.
Mas,
pouco a pouco, a mulher foi conquistando o seu espaço, se intrometendo em
lugares antes restritos ao sexo masculino. Ao aceitar a participação feminina
em pé de igualdade, o homem ganhou uma companheira e pôde dividir o seu fardo.
Livrou-se do papel de único provedor, responsável pelo conforto e manutenção da
família. Aprendeu a curtir os filhos, encontrou o caminho da cozinha e a porta
da geladeira pra mais que pegar a cerveja; perdeu o medo de mostrar fraqueza, emocionando-se,
pois as mulheres, também guerreiras, riem e choram sem perder a fortaleza.
Tais
mudanças, no entanto, dificilmente serão entendidas pelas mulheres nascidas
após 1970, quando começaram a acontecer. Por isso, muitas jovens têm
dificuldade para aceitar algumas posições de suas mães, modernas para algumas
coisas, arcaicas para outras. É que é necessário muito esforço e determinação
para revisar conceitos recebidos desde menininha, assim a gente patina e às
vezes escorrega, com dificuldade para acompanhar o ritmo de um tempo em que, ao
contrário de antes, a permissividade impera. Na mocidade das avós de hoje, tudo
era proibido, quando não era pecado, daí já se pode avaliar a lavagem cerebral
que as mulheres precisaram sofrer, na virada do século, para se adaptarem ao
novo mundo.
Mas
os papéis de homem e mulher, num relacionamento, ainda não estão completamente
ajustados. A pílula anticoncepcional liberou a mulher das inúmeras gestações e proporcionou
o prazer do sexo sem medo e sem culpa; a entrada no mercado de trabalho assegurou
condição financeira para fazer as próprias escolhas e decidir sobre a
permanência ou não no casamento, sem a pressão de não ter como sustentar a si e
aos filhos, como acontecia antigamente.
Com
tanta coisa boa acontecendo, porém, homens e mulheres ainda se descobrem,
algumas vezes, aturdidos, sem saber como se portar, nas situações que surgem, nas
novas formas de se relacionar. É que
todos esses jovens, tanto homens como mulheres, trazem resquícios da educação
recebida e estão aprendendo a descobrir o papel que desejam para si, no
relacionamento que prezam e pretendem fazer funcionar.
Entre
tantos questionamentos, crescem os atritos, quando as mulheres começam a se
julgar poderosas e os homens não sabem como lidar com isso ou quando eles pretendem
impingir comportamentos antiquados a mulheres de cabeça nova. Mas toda essa
adaptação é questão de tempo, flexibilidade e saber o quanto vale a pena
investir em cada relacionamento, para não descobrir, tarde demais, que tudo vale muito
pouco, sem a mão de alguém especial para apertar, nos momentos de sufoco ou de alegria. Ou
compreender, quando já não adiantar, que um pouco de jogo de cintura e
senso de humor fez falta.
3 comentários:
"Acho que a mulher deve continuar sendo mulher e o homem sendo homem. Todos tem direito a um lugar ao sol, mas cada um na sua, sem medir forças!"
Beijos
Olá Marta. Quero usar este espaço para dizer que gosto muito da maneira que você escreve. Temas atuais,com mensagens positivas,colocadas de forma fácil e gostosa de se ler. Acompanho suas crônicas através do jornal da minha cidade.Agora,vou acompanhar por aqui.Parabéns.
oi, Cris, que bom que você entrou no blog, fico muito contente com a sua presença.
Gostaria de saber qual a sua cidade ou o nome do jornal, se possível.
Um abraço da Marta
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