6 de mar. de 2012

Mulheres de ontem e de hoje



A certa altura do filme Dama de Ferro, que conta parte da vida e da trajetória política de Margareth Thatcher, primeira mulher a ocupar o posto de Primeira Ministra da Inglaterra, ela é aconselhada a não elevar o tom da voz, ao se posicionar perante os outros ministros, “porque nenhum homem gosta de mulher que fala alto com ele”. Mulheres também não gostam de homens que falam alto, pretendendo se impor pelo tom de voz, mas jamais um primeiro ministro de qualquer país ouviria esse conselho. Essa é uma diferença sutil entre o que se espera de um homem e de uma mulher, em muitas coisas eles ainda levando vantagem, porque foram os “donos da bola” por alguns séculos e assim ditaram as regras que lhes convinham.

Mas, pouco a pouco, a mulher foi conquistando o seu espaço, se intrometendo em lugares antes restritos ao sexo masculino. Ao aceitar a participação feminina em pé de igualdade, o homem ganhou uma companheira e pôde dividir o seu fardo. Livrou-se do papel de único provedor, responsável pelo conforto e manutenção da família. Aprendeu a curtir os filhos, encontrou o caminho da cozinha e a porta da geladeira pra mais que pegar a cerveja; perdeu o medo de mostrar fraqueza, emocionando-se, pois as mulheres, também guerreiras, riem e choram sem perder a fortaleza.

Tais mudanças, no entanto, dificilmente serão entendidas pelas mulheres nascidas após 1970, quando começaram a acontecer. Por isso, muitas jovens têm dificuldade para aceitar algumas posições de suas mães, modernas para algumas coisas, arcaicas para outras. É que é necessário muito esforço e determinação para revisar conceitos recebidos desde menininha, assim a gente patina e às vezes escorrega, com dificuldade para acompanhar o ritmo de um tempo em que, ao contrário de antes, a permissividade impera. Na mocidade das avós de hoje, tudo era proibido, quando não era pecado, daí já se pode avaliar a lavagem cerebral que as mulheres precisaram sofrer, na virada do século, para se adaptarem ao novo mundo.
 
Mas os papéis de homem e mulher, num relacionamento, ainda não estão completamente ajustados. A pílula anticoncepcional liberou a mulher das inúmeras gestações e proporcionou o prazer do sexo sem medo e sem culpa; a entrada no mercado de trabalho assegurou condição financeira para fazer as próprias escolhas e decidir sobre a permanência ou não no casamento, sem a pressão de não ter como sustentar a si e aos filhos, como acontecia antigamente.

Com tanta coisa boa acontecendo, porém, homens e mulheres ainda se descobrem, algumas vezes, aturdidos, sem saber como se portar, nas situações que surgem, nas novas formas de se relacionar.  É que todos esses jovens, tanto homens como mulheres, trazem resquícios da educação recebida e estão aprendendo a descobrir o papel que desejam para si, no relacionamento que prezam e pretendem fazer funcionar.

Entre tantos questionamentos, crescem os atritos, quando as mulheres começam a se julgar poderosas e os homens não sabem como lidar com isso ou quando eles pretendem impingir comportamentos antiquados a mulheres de cabeça nova. Mas toda essa adaptação é questão de tempo, flexibilidade e saber o quanto vale a pena investir em cada relacionamento, para não descobrir, tarde demais, que tudo  vale muito pouco, sem a mão de alguém especial para apertar, nos momentos de sufoco ou de alegria. Ou compreender, quando já não adiantar, que um pouco de jogo de cintura e senso de humor fez falta. 

3 comentários:

Ruthe Peters disse...

"Acho que a mulher deve continuar sendo mulher e o homem sendo homem. Todos tem direito a um lugar ao sol, mas cada um na sua, sem medir forças!"
Beijos

Cris Palombo disse...

Olá Marta. Quero usar este espaço para dizer que gosto muito da maneira que você escreve. Temas atuais,com mensagens positivas,colocadas de forma fácil e gostosa de se ler. Acompanho suas crônicas através do jornal da minha cidade.Agora,vou acompanhar por aqui.Parabéns.

Marta disse...

oi, Cris, que bom que você entrou no blog, fico muito contente com a sua presença.

Gostaria de saber qual a sua cidade ou o nome do jornal, se possível.

Um abraço da Marta